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FILMES
TV PAGA
O cinema e a vida em "Bicho de Sete Cabeças"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"Bicho de Sete Cabeças", de
Laís Bodanzky, é um dos filmes mais interessantes feitos no
Brasil nos últimos anos, por motivos diversos.
O primeiro deles é o feliz investimento em marketing, algo de
que o cinema nacional deveria perder o medo de uma vez por todas.
Ao optar pela história de um jovem que, por um pequeno delito,
acaba sendo vitimado por internação psiquiátrica, Bodanzky opta pelo olhar dos jovens em contraposição ao dos pais. Ganha o
público adolescente e pós-adolescente. Foi o que aconteceu: garantiu-se assim, sem nada perder em
dignidade, uma boa bilheteria.
O segundo aspecto vem da mise-en-scène, onde a diretora foi
bastante feliz em dois aspectos: a
direção de Rodrigo Santoro (que
terminou por impô-lo como ator)
e a ótima ambientação obtida nas
cenas do asilo psiquiátrico.
Se nem tudo são as flores tão
proclamadas no filme, isso se deve ao tratamento "à americana"
da situação. Digo "à americana"
entre aspas, porque não é norma
do bom cinema americano criar a
fórceps uma oposição entre mocinho e vilão.
No caso, o papel de vilão vai aos
pais, ao pai (Othon Bastos) em
particular, que compõe não uma
figura comovente pela incapacidade de olhar o próprio filho e a
real dimensão de seus problemas,
e sim um idiota unidimensional, à
beira do sadismo, que a rigor só
pensa em fazer maldades ao filho.
Esse contraponto tão acentuado, que reduz o pai a mero vilão
de opereta, termina por empobrecer brutalmente o olhar do filme,
reduzindo uma questão social a
um problema de roteiro.
Laís Bodanzky revela talento
neste primeiro filme, o que é importante. Não se dobrar a quem
acha que o importante é o cinema,
e não a vida, é algo tão importante
quanto -talvez mais, na verdade.
O tempo dirá para que lado pendeu essa diretora.
BICHO DE SETE CABEÇAS. Quando:
hoje, às 14h30, no Canal Brasil.
TV ABERTA
Fantasma de Velho Oeste ronda "Bronco Billy"
Super-Homem
SBT, 13h.
(Superman - The Movie). EUA, 1978, 142
min. Direção: Richard Donner. Com
Christopher Reeve. Ao primeiro "Super-Homem" falta um tanto de leveza e de
inventividade. Aqui está a origem do
super-herói, despachado para a Terra a
fim de escapar da destruição do planeta
Krypton. Perto de boa parte dos
"blockbusters" recentes, ganha fácil.
Zé do Periquito
Cultura, 16h30.
Brasil, 1960, 98 min. Direção: Ismar
Porto/Amácio Mazzaropi. Com
Mazzaropi. Jardineiro de colégio
apaixona-se por aluna, daí derivando os
problemas que encontrará e o humor
que, eventualmente, o filme encontra. O
mais interessante é a participação de
Cely Campelo e Hebe Camargo e,
sobretudo, a presença no elenco de
Eugênio Kusnet.
A Balada do Pistoleiro
Bandeirantes, 20h30.
(Desperado).EUA, 1995, 104 min.
Direção: Robert Rodriguez. Com Antonio
Banderas. Banderas é o Mariachi
empenhado num acerto de contas com o
traficante que matou sua namorada.
Rodriguez é um cineasta interessante,
cujo trabalho transparece ora um
talento, ora uma picaretagem extrema.
A Experiência
SBT, 22h30.
(Species). EUA, 1995, 111 min. Direção:
Roger Donaldson. Com Ben Kingsley,
Natasha Henstridge. Equipe de cientistas
tenta localizar bela mulher, criada por
experiência em que se misturaram DNA
humano e partículas recolhidas no
espaço. Após escapar do laboratório, a
mulher mostra seu potencial destrutivo.
E Agora Brilha o Sol
Bandeirantes, 0h30.
(The Sun Also Rises). EUA, 1957, 129 min.
Direção: Henry King. Com Tyrone Power.
Baseado em romance de Hemingway,
mostra um jornalista norte-americano
em Paris que, interessado e entrando na
ginga de excêntrica mulher, segue ela e
amigos nas bagunças que promovem na
Europa pós-Primeira Guerra Mundial.
Bronco Billy
SBT, 1h25.
EUA, 1980, 119 min. Direção: Clint
Eastwood. Com Clint Eastwood. Bronco
Billy é o caubói que dirige um circo do
Velho Oeste, leva sua trupe de cidade em
cidade e arruma confusões de vários
tipos, inclusive quando conquista a bela
Lily. No fundo, ele é o triste fantasma de
um Oeste que já não existe. Filme
notável.
A Execução do Soldado Slovik
Globo, 1h35.
(The Execution of Private Slovik). EUA,
1974, 122 min. Direção: Lamont
Johnson. Com Martin Sheen. Discussão
sobre o destino do soldado Slovik, o
primeiro americano a ser executado por
deserção em muitos e muitos anos. Isso
se deu em 1945. Johnson discute uma
guerra que era, no momento, mais atual,
a do Vietnã. Mas o filme é sensível e
inteligente. Continua valendo.
Sob o Domínio dos Aliens
SBT, 3h30.
(The Puppet Masters). EUA, 1994, 109
min. Direção: Stuart Orme. Com Donald
Sutherland. O serviço de inteligência
terrestre descobre a chegada entre nós
de aliens cujas características são grudar-se nas costas dos seres humanos e
prender os tentáculos em nossos
cérebros, absorvendo sua memória e
inteligência. Só para São Paulo.
Quebrando os Dez
Mandamentos
Globo, 3h45.
(Commandments). EUA, 1997, 88 min.
Direção: Daniel Taplitz. Com Aidan
Quinn, Shirl Bernheim, Courtney Fox.
Homem com existência perfeitamente
feliz começa a ver seu mundo
desmoronar. Tudo se volta contra ele. Em
vista disso, ele resolve acertar as contas
com Deus e quebrar cada um dos Dez
Mandamentos. É verdade que estes não
andam com tanto prestígio assim.
(INÁCIO ARAUJO E PAULO SANTOS LIMA)
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