São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 2007

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Músicos vêem restrições em downloads

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nem todos os músicos brasileiros de primeiro time se renderam à internet.
Entre os pianistas, os casos vão de Nelson Freire, que nem chega perto do teclado do computador, a Jean Louis Steuerman, que, embora utilize e-mails, se confessa um "artesão antediluviano".
Há também casos como o de Gilberto Tinetti, outro usuário de correio eletrônico que admite a possibilidade de, em um futuro próximo, passar a aproveitar outros recursos oferecidos pela internet.
Já o maestro Isaac Karabtchevsky, que concilia a direção da Orquestra Petrobras Sinfônica, no Rio de Janeiro, e da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, com a da Orchestre Nationale des Pays de la Loire, na França, diz que navega somente para ler jornais brasileiros quando está no exterior e para responder a e-mails.
"Não uso computador para baixar músicas. Acho um avilte que nós nos sujeitemos às limitações do MP3 quando mesmo o som normal dos nossos CDs não consegue refletir a realidade das salas de concerto", afirma Karabtchevsky.
Mesmo um entusiasta da web com a função de instrumento de pesquisa como o maestro Henrique Lian tem restrições ao download de partituras, classificando de "decepcionantes" suas experiências na área.
"Uma coisa é baixar uma canção dos Beatles, outra bem diferente é tentar o mesmo com uma sinfonia ou uma abertura sinfônica", conta o maestro. "O trabalho tende a se tornar demasiadamente lento e está altamente sujeito a ser malsucedido", avalia.

Apreensão
Já o compositor Flo Menezes, um dos principais representantes da música eletroacústica no Brasil, emprega a tecnologia com entusiasmo em suas obras, mas manifesta apreensão quanto ao compartilhamento de gravações on-line sem remuneração de autores ou intérpretes.
"Nós, que produzimos CDs ou DVDs de música contemporânea, bem sabemos o quanto nos custa bancar, com escassos recursos e tão pouco apoio institucional, essa produção, que tocamos adiante com muito idealismo e até mesmo militância cultural", afirma. "O mínimo seria que tivéssemos algum retorno financeiro com a venda de nossos "produtos", mesmo e principalmente que seja para dar continuidade a esses mesmos projetos "anti-mercado"."
"O mesmo se dá quando vemos cópias xerografadas de livros que editamos a duras penas", compara. "Seria mais ético comprar esse livro do que recorrer a uma fotocopiadora."


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