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Músicos vêem restrições em downloads
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Nem todos os músicos brasileiros de primeiro time se renderam à internet.
Entre os pianistas, os casos
vão de Nelson Freire, que nem
chega perto do teclado do computador, a Jean Louis Steuerman, que, embora utilize e-mails, se confessa um "artesão
antediluviano".
Há também casos como o de
Gilberto Tinetti, outro usuário
de correio eletrônico que admite a possibilidade de, em um futuro próximo, passar a aproveitar outros recursos oferecidos
pela internet.
Já o maestro Isaac Karabtchevsky, que concilia a direção
da Orquestra Petrobras Sinfônica, no Rio de Janeiro, e da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, com
a da Orchestre Nationale des
Pays de la Loire, na França,
diz que navega somente para
ler jornais brasileiros quando
está no exterior e para responder a e-mails.
"Não uso computador para
baixar músicas. Acho um avilte
que nós nos sujeitemos às limitações do MP3 quando mesmo
o som normal dos nossos CDs
não consegue refletir a realidade das salas de concerto",
afirma Karabtchevsky.
Mesmo um entusiasta da
web com a função de instrumento de pesquisa como o
maestro Henrique Lian tem
restrições ao download de partituras, classificando de "decepcionantes" suas experiências na área.
"Uma coisa é baixar uma canção dos Beatles, outra bem diferente é tentar o mesmo com
uma sinfonia ou uma abertura
sinfônica", conta o maestro. "O
trabalho tende a se tornar demasiadamente lento e está altamente sujeito a ser malsucedido", avalia.
Apreensão
Já o compositor Flo Menezes, um dos principais representantes da música eletroacústica no Brasil, emprega a
tecnologia com entusiasmo em
suas obras, mas manifesta
apreensão quanto ao compartilhamento de gravações on-line
sem remuneração de autores
ou intérpretes.
"Nós, que produzimos CDs
ou DVDs de música contemporânea, bem sabemos o quanto
nos custa bancar, com escassos
recursos e tão pouco apoio institucional, essa produção, que
tocamos adiante com muito
idealismo e até mesmo militância cultural", afirma. "O mínimo seria que tivéssemos algum
retorno financeiro com a venda
de nossos "produtos", mesmo e
principalmente que seja para
dar continuidade a esses mesmos projetos "anti-mercado"."
"O mesmo se dá quando vemos cópias xerografadas de livros que editamos a duras penas", compara. "Seria mais ético comprar esse livro do que recorrer a uma fotocopiadora."
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