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Crítica
Hepburn destila mistério em "Bonequinha"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Um bom filme raramente
tem a ver com uma idéia, com
uma mensagem. As idéias de
"Bonequinha de Luxo" (Telecine Classic, 12h15) são quase
patéticas: a prostituição não leva a nada, o amor vale mais do
que o dinheiro etc.
Mas algumas coisas fazem a
grandeza deste filme que Blake
Edwards dirigiu em 1961. Por
exemplo, Audrey Hepburn parada, melancólica, diante da
Tiffany's, é uma imagem inimitável, irretocável.
Outra, possivelmente da
mesma estatura, é a mesma
Audrey acordando com uma
máscara sobre os olhos para tapar a luz do sol.
É claro, não que as idéias
mais gerais -e, em princípio,
mais banais- sejam desprezíveis: elas simplesmente cimentam nosso entendimento comum das coisas. Mas são os
mistérios que fazem a grandeza
de um filme.
O rosto de Audrey Hepburn,
para prosseguir no que há de
mais evidente, é um mistério
que, quanto mais vemos o filme, mais se adensa.
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