São Paulo, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

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Última Moda

ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br

Inverno real

Grifes da SPFW deixam de lado desfiles pirotécnicos e concentram sua criatividade em alvos comerciais claros

Objetividade é a palavra de ordem da temporada. Com os dois pés no chão, as grifes que integram o line-up da São Paulo Fashion Week mostraram um inverno sem pirotecnia, focado em públicos e objetivos comerciais mais claros.
O evento, que terminou na sexta-feira passada e mostrou 38 desfiles, aconteceu sob a sombra da crise financeira que, em intensidades variadas, atinge os mercados mundo afora.
Durante a SPFW, os negócios fechados nos showrooms das marcas, ao contrário de previsões pessimistas, não diminuíram. Ficaram na casa de R$ 1,5 bilhão, mantendo a mesma marca da última temporada, segundo os organizadores.
A cautela das empresas de moda, no entanto, ficou evidente nas coleções. O que permite dizer que a crise teve, de certo modo, um efeito positivo sobre as principais grifes. Elas deixaram de lado os grandes shows conceituais para investir sua criatividade no melhor de seus produtos concretos.
A Osklen, que mostrou a principal coleção da temporada, focou no requinte do básico: moletons de design arrojado e em variadas texturas (resinado, tricotado, bordado etc.). O neochique, segundo a grife de Ipanema, nasce do desejo das ruas.
O estilista Alexandre Herchcovitch realizou uma dupla de apresentações exemplares, especialmente a masculina. Propôs um streetwear para todas as horas, com modelagem que brinca com os clássicos da moda e um criativo trabalho de cores, texturas e tecidos variados.
A Ellus, que fez seu desfile mais bem-sucedido em anos, e a Cavalera voltaram a focar no jeanswear. Os especialistas em roupas de noite e de festa, como Reinaldo Lourenço e André Lima, capricharam nos vestidos luxuosos. Cada um na sua.
Ronaldo Fraga, por sua vez, inovou na concepção do básico: peças de shapes idênticos vestem avós, pais e netos, na linha "um por todos, todos por um".
Ainda falta muito para a moda brasileira se acertar com o contexto do país (os preços das roupas continuam altos). Mas as grifes, ao menos, parecem já ter caído na real.

com VIVIAN WHITEMAN


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