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Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br
Inverno real
Grifes da SPFW deixam de lado desfiles pirotécnicos e concentram sua criatividade em alvos comerciais claros
Objetividade é a palavra de
ordem da temporada. Com os
dois pés no chão, as grifes que
integram o line-up da São Paulo Fashion Week mostraram
um inverno sem pirotecnia, focado em públicos e objetivos
comerciais mais claros.
O evento, que terminou na
sexta-feira passada e mostrou
38 desfiles, aconteceu sob a
sombra da crise financeira que,
em intensidades variadas, atinge os mercados mundo afora.
Durante a SPFW, os negócios
fechados nos showrooms das
marcas, ao contrário de previsões pessimistas, não diminuíram. Ficaram na casa de R$ 1,5
bilhão, mantendo a mesma
marca da última temporada,
segundo os organizadores.
A cautela das empresas de
moda, no entanto, ficou evidente nas coleções. O que permite dizer que a crise teve, de
certo modo, um efeito positivo
sobre as principais grifes. Elas
deixaram de lado os grandes
shows conceituais para investir
sua criatividade no melhor de
seus produtos concretos.
A Osklen, que mostrou a
principal coleção da temporada, focou no requinte do básico:
moletons de design arrojado e
em variadas texturas (resinado,
tricotado, bordado etc.). O neochique, segundo a grife de Ipanema, nasce do desejo das ruas.
O estilista Alexandre Herchcovitch realizou uma dupla de
apresentações exemplares, especialmente a masculina. Propôs um streetwear para todas
as horas, com modelagem que
brinca com os clássicos da moda e um criativo trabalho de cores, texturas e tecidos variados.
A Ellus, que fez seu desfile
mais bem-sucedido em anos, e
a Cavalera voltaram a focar no
jeanswear. Os especialistas em
roupas de noite e de festa, como
Reinaldo Lourenço e André Lima, capricharam nos vestidos
luxuosos. Cada um na sua.
Ronaldo Fraga, por sua vez,
inovou na concepção do básico:
peças de shapes idênticos vestem avós, pais e netos, na linha
"um por todos, todos por um".
Ainda falta muito para a moda brasileira se acertar com o
contexto do país (os preços das
roupas continuam altos). Mas
as grifes, ao menos, parecem já
ter caído na real.
com VIVIAN WHITEMAN
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