São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 2011

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VANESSA VÊ TV

VANESSA BARBARA - vanessa.barbara@uol.com.br

Suécia, terra da alegria

CHEGA DE detetives geniais, excêntricos ou espirituosos. Agora a moda é inspetores enfadonhos, depressivos e sem nenhum dote intelectual extraordinário.
O mais insigne deles, se é que podemos dizer assim, é o britânico Inspetor Morse, do seriado homônimo da ITV que foi exibido entre 1987 e 2000. (Falaremos dele em outra ocasião, a fim de evitar que os leitores cochilem.) O mais recente é Kurt Wallander, aclamado detetive criado pelo escritor sueco Henning Mankell. Diante do sucesso dos livros, uma produtora escandinava lançou em 2005 a série de TV "Wallander", exibida pela BBC4 e, no Brasil, pela Film&Arts (seg., à 0h, classificação não informada), com duas temporadas de 13 episódios cada uma. Wallander é um policial de meia-idade solitário, divorciado e alcoólatra, com hábitos de vida pouco recomendáveis. Nas investigações, é dado a rompantes de raiva. Não se dá bem com a família nem com os colegas de trabalho.
Fascinado pelo alto-astral do escandinavo, o ator shakespeariano Kenneth Branagh resolveu interpretá-lo numa nova adaptação para a BBC escocesa. Em 2008, estreou o "Wallander" britânico, com duas ótimas temporadas de três episódios -a primeira saiu em DVD no Brasil pela Log On (R$ 72).
A julgar pela ficção, a pacata cidade de Ystad é uma espécie de Bronx dos países nórdicos. Não se deixe enganar pelo que dizem da Suécia: lá existem seitas satânicas, homicídios ritualísticos, espancamento de velhinhos, gangues neonazistas, psicopatas sádicos, tráfico de órgãos e brutalidade sexual. Numa mesma semana.
(Na dúvida, é só consultar a trilogia "Millenium", do conterrâneo Stieg Larsson. Dizem que os suecos têm tantos subsídios e assistência estatal que, quando perdem as chaves do carro, desistem de viver.) Wallander é obstinado, mas revela uma certa demora para desvendar os mistérios, ao contrário da maioria dos detetives ficcionais. É um inspetor existencialista com dúvidas sobre a profissão que vive decepcionando a filha e que, como o inspetor Morse, adora ouvir ópera.
É difícil gostar dele e aí é que está o atrativo de "Wallander" -isso e a desgovernada criminalidade sueca.
"Ótimo. Só fica melhor e melhor", exclama o policial diante de um cadáver enforcado numa igreja. Wallander, dizem, nunca sorriu.


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