NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

Falar sobre sexo e relacionamentos não é exclusividade feminina (embora os seriados de TV, filmes e livros costumem insistir nisso). Em geral, o que vemos nas telas são mulheres, sejam elas enfermeiras, jornalistas, donas-de-casa, estilistas, ou o que for, conversando sobre: homens, namoros, encontros e coisas do gênero. O seriado "Naked Josh", que estréia hoje no GNT, inverte o foco. Na série, o protagonista Josh é um professor de antropologia especialista em comportamento sexual graduado em Oxford. Mas que, na vida real, se embaralha com as moças. E o que faz? Fala sem parar sobre esse assunto com o melhor amigo, um moço com mais sorte que ele quando o tema é conquistas.
Em "Naked Josh", homens e mulheres sofrem com as mesmas confusões. O medo de relacionamentos, por exemplo -essa máxima dos dias de hoje-, não é apresentado no seriado como uma característica "masculina", como em geral se apregoa. Em "Naked", há a moça que não quer ter um namoro sério e que rejeita dormir junto após o sexo. É ela, e não o macho, a pessoa a odiar romantismos baratos, como velas acesas, e se dizer traumatizada com um relacionamento passado. O perfil do herói também foge da média. Em vez de um investidor de Wall Street ou um cirurgião corajoso, "Naked Josh" apresenta um intelectual e "nerd", que fala sobre "contrato sexual" e "mito do amor romântico" para seus alunos. Ele não é um homem corado de sol nem um yuppie estilo o Mr. Big de "Sex and the City", mas sim outro tipo de homem adorado pelas moças: o rapaz sensível.
O seriado, de produção canadense, foge bastante do padrão americano. Assim como em "Bliss" (o programa erótico feito sob ótica feminina) e "Queer as a Folk" (a série cult entre gays), que também vieram do Canadá, as cenas de sexo são realistas e a produção é simples. Em "Naked Josh", parece que o importante são os diálogos (até sobre feminismo Josh discute com uma aluna) e o perfil frágil e sedutor do intelectual sensível.