São Paulo, domingo, 30 de março de 2008

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Mônica Bergamo

bergamo@folhasp.com.br

Julia Moraes/ Folha Imagem
Paula Hellmeister, do Jockey de SP, fotografou mulheres de chapéu em Paris para incentivar as freqüentadoras do hipódromo


Cabeça feita

Inspirados no último desfile de inverno de Paris, estilistas brasileiros apostam que o chapéu pode virar moda também por aqui. Há quem defenda que o acessório seja usado até na missa

A atriz Cláudia Raia gosta tanto de chapéus que até hoje se lembra com raiva de quando perdeu meia dúzia deles em sua lua-de-mel, em um cruzeiro no Havaí. "O Alexandre [Frota, seu primeiro marido] jogou minha chapeleira no mar porque se irritou com a falta de espaço na cabine do navio. Só vi a água azul e minha chapeleira afundando", recorda. "Até que conheci o homem da minha vida, o Edson [Celulari], e ganhei dele uma chapeleira nova." Apesar da paixão pelo acessório, Cláudia ainda evita usá-lo no Brasil. "Só na praia, ou quando vou para o exterior. Aqui ninguém usa, né?" Ao que tudo indica, ninguém usava.

 

"Tá todo mundo pedindo chapéu!", diz Clô Orozco, uma das fashionistas que acreditam que o acessório poderá entrar para a lista dos hits da moda outono-inverno. Sua marca, a Huis Clos, está passando da produção "tímida, só de alto-verão", para modelos próprios para o inverno. "E mais seis para a coleção primavera, verão e praia do ano que vem", diz.
 

A Maria Bonita Extra também aderiu à moda. Lança neste inverno quepes de couro, de inspiração européia. Alexandre Herchcovitch colocará nas lojas, em abril, modelos masculinos em couro com aplicações de tricô. A V.Rom aproveitou o aumento da procura por peças conceito para lançar, só nesta temporada, 15 tipos. Entre eles, o chapéu-coco. "O que está pegando de jeito a moçada no Brasil é o exemplo da [modelo] Kate Moss. Ela sempre usa", avalia o stylist da "Vogue" do Brasil Matheus Mazzafera.
 

A tendência vem da Europa, onde o chapéu, tradicional no inverno, ganhou nova força nas passarelas, com lançamentos de YSL, Armani, Prada, Hermès, Marc Jacobs e Cavalli. Modelos que fizeram a revista francesa "L'Officiel" publicar um editorial sobre os desfiles com a sentença: "O chapéu volta a ser o favorito da moda. Mais que um acessório de passarela, é, muitas vezes, objeto de criação". Encontrar modelos no país agora "está ficando cada vez mais fácil", segundo a consultora de moda Regina Guerreiro.
 

"Adooooro. Sou maníaca! Minhas filhas brincam que sou tarada por chapéus!". É a empresária Riccy Trussardi Souza Aranha, que não precisou olhar para tendências européias para aderir ao acessório. Ela diz que "dá, sim, pra usar chapéu em todo lugar. Usei numa missa de Páscoa que fiz em casa na semana passada". Em suas tardes de golfe no clube Helvetia, em Indaiatuba, o adereço é obrigatório, para proteger a cabeça do sol. "Como minhas amigas sabem que eu tenho muitos modelos, até passam em casa para pegar algum antes de ir para o campo. Só empresto para as que são mais chegadas."
 

A paixão de quem coleciona os acessórios há 30 anos faz Bya Barros, decoradora, recordar cada um dos "300 modelos" que guarda em Mônaco, em São Paulo e no Guarujá. "Amo todos, mas meus xodós são três Philip Treacy, do chapeleiro que veste a realeza de Londres. Paguei US$ 2.500 em cada um e fui a primeira a trazer um exemplar para o Brasil."
 

Quem vive de produzir a peça se anima e propagandeia a volta do adorno, como Ruth Al-Assal, da Daisy & Ruth. "Uma tarde elegante, com chapéus, me reporta a Dubai, me sinto fora do Brasil", diz. Para ela, há uma competição "saudável" entre as clientes. "Elas tentam descobrir o que a outra vai usar, se é grande ou pequeno." Algumas mulheres encomendam dois modelos: um para se fizer frio, outro para o calor. "E tem também a turma do "minha-mãe-mandou". Quanto mais indecisas, melhor para a gente, né?"
 

Paula Hellmeister, que organiza o Grande Prêmio São Paulo do Jockey Club, aposta na volta glamourosa do acessório. "Desta vez, o chapéu vai bombar. Fui a Paris. Fotografei a mulherada de chapéu no Arco do Triunfo e mandei num boletim informativo para todo mundo, que é para incentivar [o uso], né? Há três anos, ninguém mais ligava para essa tradição que, gente, não pode morrer. É um sinal de respeito com os cavalos, que valem até R$ 1 milhão."


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