São Paulo, segunda, 30 de março de 1998

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Entenda a luta armada no país

da Redação

A queda do presidente João Goulart em 64 foi a maior derrota da esquerda brasileira. Nenhuma de suas lideranças políticas e sindicais conseguiu articular uma resistência aos golpistas, que acusavam o governo de tramar um golpe contra a democracia instalada em 45.
Todas as organizações ficaram à espera da reação do presidente da República, que decidiu deixar o país. Os militares tomaram o poder sem luta.
Nas bases do PCB muitos militantes culpavam a direção pela derrota de 64. A avaliação majoritária era de que o partido teria adotado uma política passiva, colocando-se a reboque de Goulart. Começa então a desagregação do PCB e a proliferação de grupos dissidentes que optavam pela luta armada contra o regime.
Dirigentes do PCB estimam que 10 mil militantes acompanharam Carlos Marighella na criação da ALN e outros 5.000 se dispersaram em diversas dissidências, que deram origem a outras organizações (como o MR-8).
Inspirados nas revoluções chinesa e cubana, todas essas organizações adotaram a estratégia da "guerra popular" contra o regime, que previa a organização de um "exército de libertação" nas regiões mais pobres, que aos poucos controlaria áreas cada vez maiores.
Na prática, porém, a maioria das organizações limitou sua atuação às grandes cidades, onde se concentravam suas bases -estudantes e sindicalistas, em sua maioria. A exceção foi o PC do B, que organizou um foco no Araguaia.
A guerrilha viveu dois momentos. No início, pegou o governo militar de surpresa, completamente despreparado para a onda de atentados e assaltos a banco. O regime enfrentava uma recessão econômica e desgaste político. Os protestos de rua de 1968 pareciam confirmar a estratégia de abrir um ataque frontal contra o governo.
Mas isso durou pouco. A retomada do desenvolvimento com inflação baixa (o "milagre econômico") distanciou a classe média da esquerda. Ao mesmo tempo, o Estado estruturou uma forte organização repressiva (os DOI-Codi).
Os grupos, fragmentados e sem apoio na sociedade civil, foram sendo eliminados a partir de 1969. A guerrilha urbana desapareceu em 1973; a rural sobreviveu até 1974.



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