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Diretor era mestre em escalar elencos
da Redação
Não é pela ocasião de sua morte que
se afirma aqui a condição de Paulo
Ubiratan como o executivo mais importante da programação da Globo. A
ele cabia a última palavra sobre a trinca de novelas que sustenta a audiência
da emissora.
O cargo de diretor de criação ele
exercia apenas há dois meses, mas
a nomeação veio justamente em
função de estar, com frequência,
no comando das novelas da casa.
A maestria em escalar elencos
era apontada como seu mérito imbatível. Nas questões "quem começa com quem" e "quem acaba
com quem", tinha escolhas quase
sempre acertadas. Também sabia
juntar, num mesmo set, um time
que não saísse no tapa já no segundo mês de gravações.
Foi, aliás, para não sair no tapa
que Ubiratan abandonou o projeto do remake de "Irmãos Coragem", em 94. Discordando da escalação de elenco feita por Luís
Fernando Carvalho, diretor-geral,
retirou seu nome dos créditos como diretor de núcleo.
Ubiratan se queixava da fama de
mal-humorado. Nos últimos
anos, ele mesmo já fazia piadas sobre o próprio comportamento. Tinha horror à presença de jornalistas e fotógrafos nas gravações, temendo que a imprensa antecipasse segredos ao público ou distorcesse o conceito de suas cenas.
Tomou ódio de cigarro -fumava quatro maços por dia- em 87,
quando foi submetido à implantação de quatro pontes de safena.
Batizou uma de Tônia Carrero,
outra de Lúcia Veríssimo e outra
de Mário Gomes, atores com
quem havia se desentendido pouco antes do primeiro infarto.
Acompanhava-o também a fama
de autoritário e conquistador. De
seus quatro casamentos, o mais
longo foi o segundo, com Natália
do Vale, por oito anos. Depois vieram Valéria Monteiro, com quem
teve a única filha, Vitória, e Mônica Fraga. "Deve haver alguma coisa errada comigo, porque não pode ser que todas as minhas ex-mulheres estejam erradas", dizia.
Chegou à Globo em 73, como
editor do seriado "Shazan e Xerife". Foi dele a direção-geral de
"Roque Santeiro", programa de
maior audiência da TV brasileira
de todos os tempos.
Começou a trabalhar aos 15
anos, como office boy de Cassiano
Gabus Mendes na TV Tupi.
Afastado das funções executivas
na Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, tomou
providências para facilitar o transporte do corpo, do Rio para São
Paulo, ontem.
Marluce Dias da Silva, superintendente-executiva, também se
dispôs a bancar ponte aérea aos
profissionais que quisessem ir ao
velório e enterro, em São Paulo.
(CRISTINA PADIGLIONE)
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