São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2008

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"Me senti intimidado", diz Downey Jr.

Protagonista de "Homem de Ferro", que estréia hoje no Brasil, ex-"bad boy" comenta atuação como o herói falível da Marvel

"Não queria um jovem, que não viveu nada, tentando retratar esse personagem complicado", diz diretor, que precisou lutar para ter o ator

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
ENVIADO À CIDADE DO MÉXICO

"Claramente, eu não sou do tipo heróico, com essa longa lista de defeitos de caráter e todos os erros que eu cometi, a maioria deles publicamente."
Quando Tony Stark, o bilionário fanfarrão que enverga secretamente a armadura do Homem de Ferro, pronuncia essa frase, no fim do filme, a ironia da situação salta aos olhos. Porque, mais do que o personagem, quem está dizendo a frase é Robert Downey Jr., o ex-"bad boy" que interpreta o herói em "Homem de Ferro", que tem estréia nacional hoje.
Depois de um início de carreira promissor, destacando-se em filmes como "Abaixo de Zero" (1987) e "Chaplin" (1992), no qual fez o papel-título e foi indicado ao Oscar, Downey Jr. caiu em desgraça, com uma série de prisões por incontáveis motivos (porte de drogas, de armas, dirigir embriagado etc.).
Mesmo com sua recuperação nos últimos anos, voltando a virar notícia por suas atuações (em filmes como "Boa Noite e Boa Sorte" e "Zodíaco"), ele, claramente, não é o tipo que se imaginava como herói de um blockbuster de US$ 186 milhões (R$ 312 milhões) -basta dizer que, antes dele, o papel esteve com Tom Cruise.

"Um sujeito imperfeito"
Como, então, com essa ficha corrida, Downey Jr. conseguiu emplacar o papel? "Tony Stark é um sujeito bastante imperfeito...", tenta se defender o ator, durante entrevista coletiva, no México. Logo desiste: "Gostaria que Jon [Favreau, o diretor] respondesse a essa pergunta, porque tomamos conta um do outro".
A decisão de transferir a brasa para o diretor é sábia, não apenas porque foi ele o avalista de sua contratação mas também porque, depois de vencer a resistência do estúdio e de quase todos os envolvidos, Favreau já tem a resposta bem ensaiada.
"Sempre disse que, se havia um personagem desse tipo que Robert podia fazer, era Tony Stark. Nós somos a Marvel, estamos tentando ser fiéis às HQs. E, nelas, Stark lida com esse tipo de problema [como o alcoolismo]. Não queria algum ator jovem, que não viveu nada, tentando retratar esse personagem complicado."
Realmente. Começando pelo fato de ser um quarentão (como o ator, que tem 43 anos) e passando por todos os dilemas morais que enfrenta (por ser fabricante de armas, por seu estilo de vida playboy), o Homem de Ferro é um personagem sui generis no universo das HQs. "Ele chega ao fundo do poço no filme, não queria que fosse um alienígena como o Super-Homem, alguém perfeito, os personagens da Marvel têm suas falhas", disse Favreau.

Chance aproveitada
Com o filme pronto e o perfeito encaixe de Downey Jr. no papel sendo destacado pela crítica, Favreau enfatiza os méritos do ator. "Não tenho um passado semelhante ao de Robert, mas acreditei que ele estava sendo sério sobre aproveitar essa oportunidade. Ele se comprometeu comigo e cumpriu sua parte, e agora eu pareço um gênio por causa disso." "Me senti realmente pressionado a fazer meu melhor", afirmou Downey Jr. à Folha.
"Primeiro, me senti intimidado pelo papel. Stark é esse sujeito alto, bonito, rico, ele é tantas coisas que não sou que pensei que, em vez de tentar me encaixar nisso, deveria trazer o que conheço, minhas experiências, meu lado infantil, minhas limitações. Achei que isso me ajudaria mais do que tentar interpretar um tipo durão. Christian Bale [o atual Batman] é fantástico e faz isso muito bem, então tentei fazer o que eu faço bem."


O repórter MARCO AURÉLIO CANÔNICO viajou a convite da distribuidora Paramount

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