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Funarte vai financiar Brasil em Veneza
Com Bienal endividada, órgão assumirá custos do pavilhão brasileiro na Itália
Os artistas Luiz Braga e Delson Uchôa também terão ajuda de seus galeristas, Eduardo Leme e Luciana Brito, para participar da mostra italiana
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Cultura por
meio do Fundo Nacional da Arte (Funarte) deve viabilizar a
representação brasileira na
Bienal de Veneza, prevista para
ser inaugurada no dia 7 de junho, que podia não ocorrer por
falta de patrocínio.
Afundada em dívidas, a Fundação Bienal de São Paulo que,
desde 1993, indica os representantes brasileiros em Veneza,
não tem como pagar os custos
da representação na mais tradicional das bienais. A seleção foi
feita por Ivo Mesquita, curador
da última edição da Bienal de
São Paulo, e traz o fotógrafo paraense Luiz Braga e o pintor
alagoano Delson Uchôa.
"Fomos procurados pelos galeristas dos artistas e por Mesquita para ajudar a realizar a representação em Veneza e estamos conseguindo os recursos.
Seria uma vergonha não abrir o
pavilhão brasileiro", disse à Folha Ricardo Resende, 47, diretor do Centro de Artes Visuais
da Funarte, no Rio.
Uma carta assinada pelo curador, pelos artistas e seus galeristas (Eduardo Leme, no caso
de Braga, e Luciana Brito, para
Uchôa) foi enviada ao ministro
da Cultura, Juca Ferreira, pedindo o apoio do órgão para
viabilizar a representação nacional, orçada em R$ 350 mil.
Contudo, para conseguir
chegar a tal objetivo, o Ministério da Cultura precisa que a
Fundação Bienal renuncie à
função. "Como o Ministério das
Relações Exteriores estabelece,
por um convênio, que a Fundação Bienal é a entidade que organiza e produz a representação, é preciso que ela abra mão
dessa tarefa", conta Resende.
"Não tenho certeza se de fato
é preciso abrir mão de alguma
coisa, mas certamente vamos
fazer tudo possível para fazer
com que a Funarte se torne a
comissária da representação
nacional", declarou à Folha o
presidente da Fundação Bienal, o empresário Manoel
Francisco Pires da Costa, 70,
que está deixando o cargo e não
atuou na negociação.
O convênio firmado entre o
Ministério das Relações Exteriores e a Fundação Bienal vence no próximo mês de junho e
Resende irá propor que, a partir de então, o Ministério da
Cultura passe a assumir essa
responsabilidade. "Eu acho ótimo que a Funarte assuma a representação em Veneza; se isso
tivesse ocorrido desde o primeiro dia que assumi a Bienal,
tudo teria sido muito mais fácil", disse Pires da Costa.
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