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Mostra no Rio revela NY por Torres Garcia
Aquarelas do artista uruguaio retratam os dois anos vividos nos EUA em 1920
Exposição, a partir de
amanhã, reúne pela
primeira vez em individual
publicidades e espetáculo
visual da metrópole
AUDREY FURLANETO
DA SUCURSAL DO RIO
Nome fundamental da vanguarda artística latino-americana, Joaquín Torres García
(1874-1949) encheu um caderno com aquarelas de Nova
York. Morou lá por apenas dois
anos e, lembra o bisneto Alejandro Díaz, "apropriou-se do
espetáculo visual da metrópole
como ponto de partida".
As aquarelas do caderninho
do uruguaio serão expostas pela primeira vez a partir de amanhã em mostra individual no
Rio (inaugurada hoje para convidados). Há, entre os desenhos
de cores vibrantes, anúncios de
cigarros e de fósforos, os carros
e os engarrafamentos, barcos
no porto, prédios e letras em
preto que se impõem na figura
"New York".
Não que a cidade americana
tivesse sido seu único porto: ele
deixou o Uruguai aos 16 anos
rumo a Barcelona, viveu de
1920 a 1922 em Nova York, seguiu para o norte da Itália, passou pelo sul da França, por Paris e Madri para enfim retornar
a Montevidéu já aos 60 anos.
"Nova York foi muito marcante na trajetória dele. É lá
que ele ingressa na vanguarda
de uma maneira muito pessoal,
com linguagem própria", lembra Díaz, curador da mostra no
Rio com outra bisneta do artista, Jimena Perera (os dois dividem também a direção do Museo Torres García, no Uruguai).
A linguagem pode ser definida como o "universalismo
construtivo", fundada pelo
uruguaio como doutrina estético-filosófica por uma arte latino-americana.
As aquarelas retratam a cidade fugaz, os anúncios publicitários (ele os fez para sobreviver,
conta o bisneto) e personagens
nas ruas que, por outro lado,
deixam de ser efêmeros nos desenhos que podem lembrar
cartões-postais.
A metrópole segue tema do
artista e da mostra em outro caderno (de textos) que leva o título "New York", escrito em
1921. Nele, o discurso vertiginoso é que desenha a cidade:
"Há vírgulas, cortes, algo de
quem está nas ruas e vê coisas
fracionadas e múltiplas".
Há ainda os "juguetes" de
Torres García: o uruguaio abriu
uma fábrica de brinquedos em
Nova York. Fazia pequenos caminhões em madeira, palhacinhos articulados e, em parceria
com um engenheiro, criou a
Aladdin Toys Company.
Num incêndio em 1924, a fábrica, cheia de encomendas,
acabou e poucos "juguetes" se
salvaram. Mais de 50 anos depois, a obra sofreria outra baixa, muito mais grave: o incêndio no MAM do Rio, em 1978,
destruiu quase 80 obras dele.
TORRES GARCÍA: TRAÇOS
DE NOVA YORK
Quando: a partir de amanhã, de terça
a sábado, das 10h às 22h, domingo, das
10h às 21h; até 13 de junho
Onde: Caixa Cultural do Rio (av.
Almirante Barroso, 25, tel. 0/xx/21/
2544-4080)
Quanto: grátis
Classificação: livre
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