São Paulo, sexta-feira, 30 de abril de 2010

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Mostra no Rio revela NY por Torres Garcia

Aquarelas do artista uruguaio retratam os dois anos vividos nos EUA em 1920

Exposição, a partir de amanhã, reúne pela primeira vez em individual publicidades e espetáculo visual da metrópole


AUDREY FURLANETO
DA SUCURSAL DO RIO

Nome fundamental da vanguarda artística latino-americana, Joaquín Torres García (1874-1949) encheu um caderno com aquarelas de Nova York. Morou lá por apenas dois anos e, lembra o bisneto Alejandro Díaz, "apropriou-se do espetáculo visual da metrópole como ponto de partida".
As aquarelas do caderninho do uruguaio serão expostas pela primeira vez a partir de amanhã em mostra individual no Rio (inaugurada hoje para convidados). Há, entre os desenhos de cores vibrantes, anúncios de cigarros e de fósforos, os carros e os engarrafamentos, barcos no porto, prédios e letras em preto que se impõem na figura "New York".
Não que a cidade americana tivesse sido seu único porto: ele deixou o Uruguai aos 16 anos rumo a Barcelona, viveu de 1920 a 1922 em Nova York, seguiu para o norte da Itália, passou pelo sul da França, por Paris e Madri para enfim retornar a Montevidéu já aos 60 anos.
"Nova York foi muito marcante na trajetória dele. É lá que ele ingressa na vanguarda de uma maneira muito pessoal, com linguagem própria", lembra Díaz, curador da mostra no Rio com outra bisneta do artista, Jimena Perera (os dois dividem também a direção do Museo Torres García, no Uruguai). A linguagem pode ser definida como o "universalismo construtivo", fundada pelo uruguaio como doutrina estético-filosófica por uma arte latino-americana.
As aquarelas retratam a cidade fugaz, os anúncios publicitários (ele os fez para sobreviver, conta o bisneto) e personagens nas ruas que, por outro lado, deixam de ser efêmeros nos desenhos que podem lembrar cartões-postais.
A metrópole segue tema do artista e da mostra em outro caderno (de textos) que leva o título "New York", escrito em 1921. Nele, o discurso vertiginoso é que desenha a cidade: "Há vírgulas, cortes, algo de quem está nas ruas e vê coisas fracionadas e múltiplas".
Há ainda os "juguetes" de Torres García: o uruguaio abriu uma fábrica de brinquedos em Nova York. Fazia pequenos caminhões em madeira, palhacinhos articulados e, em parceria com um engenheiro, criou a Aladdin Toys Company.
Num incêndio em 1924, a fábrica, cheia de encomendas, acabou e poucos "juguetes" se salvaram. Mais de 50 anos depois, a obra sofreria outra baixa, muito mais grave: o incêndio no MAM do Rio, em 1978, destruiu quase 80 obras dele.


TORRES GARCÍA: TRAÇOS DE NOVA YORK

Quando: a partir de amanhã, de terça a sábado, das 10h às 22h, domingo, das 10h às 21h; até 13 de junho
Onde: Caixa Cultural do Rio (av. Almirante Barroso, 25, tel. 0/xx/21/ 2544-4080)
Quanto: grátis
Classificação: livre




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