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Pintor, pai de Sarkozy expõe em Paris
Artista lançou livro em que se defende de críticas; quadros combinam surrealismo e tecnologia
LENEIDE DUARTE-PLON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS
Um presidente francês tem,
pela primeira vez, pai e mãe vivos. E, pela primeira vez, um
deles é estrangeiro. Pál Sarkozy
Nagy-Bócsai nasceu numa família aristocrática na Hungria
e chegou a Paris em 1948. Foi
apátrida até 1976.
Neste ano, o ex-publicitário
expõe pela primeira vez na
França, no Espace Cardin, até
9/5. São 50 telas de um estilo
qualificado por um crítico entre "Dalí kitsch e pop art cafona". Os quadros têm tiragens de
seis cópias e são vendidos por
volta de 10 mil (R$ 23 mil),
como o retrato que fez do filho.
Devido à repercussão em torno
desse quadro, Pál preferiu não
exibi-lo para "que possam se
interessar pelos outros".
Depois da eleição do filho, o
pai contabilizou 214 livros sobre o rebento no qual seu retrato não era dos mais edificantes:
pai negligente, ausente. Para
retificar as "inverdades", Sarkozy, 82, lançou neste ano
"Tant de Vie" (tanto da vida).
O
filho não interferiu. Sarkozy
pai conversou com a Folha em
seu apartamento.
FOLHA - Que lugar a pintura ocupa
em sua vida?
PÁL SARKOZY - Comecei a desenhar quando criança. Vim para
a França como refugiado, em
1948, e comecei a trabalhar como pintor. Nas grandes agências de publicidade, fiz criação.
Há cinco anos, comecei a fazer
quadros a quatro mãos. O importante é encontrar uma
ideia. Um quadro conta uma
história, não é somente um retrato ou uma natureza morta.
Decidida a história, faço esboços e Werner [Hornung] desenha com o computador.
FOLHA - Como o senhor definiria o
estilo? Surrealista?
SARKOZY - Se fosse vivo, Dalí
trabalharia com o computador.
Combinamos os dois universos, o clássico e as novas tecnologias. O que conta é o resultado e não se o pincel é de pelo de
vison ou não.
FOLHA - Que nota, de 0 a 10, o senhor daria ao presidente?
SARKOZY - Não trato de política.
Tenho muita admiração por
ele, pelo que tenta fazer pela
França. Mas é obrigado a tomar
medidas impopulares. Falamos
de tudo, menos de política.
FOLHA - Nicolas Sarkozy tornou-se
presidente da República com um pai
húngaro e um avô grego. Como o senhor viu o polêmico debate sobre a
identidade nacional?
SARKOZY - Pela primeira vez na
história da França, um presidente é filho de estrangeiro.
Cheguei à França em 1948, a
imigração era totalmente diferente, havia o Plano Marshall,
não faltava trabalho, recebi minha carteira de estrangeiro e alguns dias depois já estava trabalhando. Criticam muito meu
filho, nunca por ser filho de estrangeiro. Não há muito trabalho aqui, os estrangeiros não
podem ser recebidos para ficar
desempregados.
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