São Paulo, Sexta-feira, 30 de Abril de 1999
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Evento discute Brasil-Portugal

da Reportagem Local

Um amor não-correspondido -assim a escritora brasileira Lygia Fagundes Telles definiu as atuais relações literárias entre Brasil e Portugal. Para Lygia, aqui se lêem autores portugueses, mas a recíproca não é verdadeira.
"Nós somos menos lidos por vocês do que vocês por nós. Nosso amor mútuo foi interrompido", disse Lygia ao crítico literário Eduardo Prado Coelho e ao escritor Helder Macedo, ambos portugueses, em evento na última terça-feira à noite na Folha.
O evento "O Descobrimento da Literatura Portuguesa no Brasil" foi mediado pelo secretário de Redação, diretor da Agência Folha e ficcionista Bernardo Ajzenberg.
Helder Macedo, que está lançando no Brasil seu último livro, "Pedro e Paula", reconheceu que a literatura brasileira já foi melhor apreciada em terras lusitanas.
"Nos anos 50, a literatura brasileira era profundamente conhecida, sobretudo Drummond. Muitas vezes mais até que a própria literatura portuguesa", disse.
O crítico Eduardo Prado Coelho apontou as telenovelas como um elemento que prejudicou a difusão da cultura brasileira em Portugal.
"A telenovela teve aspectos positivos, como o aprendizado para os atores portugueses, mas deu uma imagem do Brasil que muitas pessoas passaram a rejeitar."
Ele apontou ainda a entrada de Portugal na Comunidade Econômica Européia como causa do distanciamento. "Portugal deixou-se dominar pela cultura de língua inglesa, dando as costas para a América Latina e a África."
Lygia Fagundes Telles desistiu, bem-humorada, de explicar por que não se lê o Brasil em Portugal.
"Lá sei por que deixamos de ser lidos", disse Lygia. "O que sei é que Portugal é um velho amor."


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