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Evento discute
Brasil-Portugal
da Reportagem Local
Um amor não-correspondido
-assim a escritora brasileira
Lygia Fagundes Telles definiu as
atuais relações literárias entre Brasil e Portugal. Para Lygia, aqui se
lêem autores portugueses, mas a
recíproca não é verdadeira.
"Nós somos menos lidos por vocês do que vocês por nós. Nosso
amor mútuo foi interrompido",
disse Lygia ao crítico literário
Eduardo Prado Coelho e ao escritor Helder Macedo, ambos portugueses, em evento na última terça-feira à noite na Folha.
O evento "O Descobrimento da
Literatura Portuguesa no Brasil"
foi mediado pelo secretário de Redação, diretor da Agência Folha e
ficcionista Bernardo Ajzenberg.
Helder Macedo, que está lançando no Brasil seu último livro, "Pedro e Paula", reconheceu que a literatura brasileira já foi melhor
apreciada em terras lusitanas.
"Nos anos 50, a literatura brasileira era profundamente conhecida, sobretudo Drummond. Muitas
vezes mais até que a própria literatura portuguesa", disse.
O crítico Eduardo Prado Coelho
apontou as telenovelas como um
elemento que prejudicou a difusão
da cultura brasileira em Portugal.
"A telenovela teve aspectos positivos, como o aprendizado para os
atores portugueses, mas deu uma
imagem do Brasil que muitas pessoas passaram a rejeitar."
Ele apontou ainda a entrada de
Portugal na Comunidade Econômica Européia como causa do distanciamento. "Portugal deixou-se
dominar pela cultura de língua inglesa, dando as costas para a América Latina e a África."
Lygia Fagundes Telles desistiu,
bem-humorada, de explicar por
que não se lê o Brasil em Portugal.
"Lá sei por que deixamos de ser
lidos", disse Lygia. "O que sei é que
Portugal é um velho amor."
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