São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 2008

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Música

Novo CD é ambivalente, diz guitarrista do Coldplay

"Viva la Vida or Death and All His Friends" tem inspiração na pintora Frida Kahlo

Mudanças, no entanto, não são radicais; Brian Eno e Markus Dravs produzem o álbum, que já tem faixa disponível no site da banda

Cristian Soto - 14.fev.07/El Mercurio
O cantor Chris Martin, da banda Coldplay durante show em Santiago, Chile, no ano passado; banda britânica lança novo álbum

RAFAEL CARIELLO
DE LONDRES

A banda de baladas pop um tanto melosas, um tanto depressivas Coldplay resolveu colocar um pouco de cor no seu sofrimento.
É esse o "conceito" do novo disco, "Viva la Vida or Death and All His Friends", que chega às lojas no próximo dia 12 de junho. O título parcialmente em espanhol e o "desejo de passar do preto-e-branco para o colorido", segundo o vocalista Chris Martin, foram inspirados pela obra da pintora mexicana Frida Kahlo (1907-1954).
"A idéia deu o tom do disco", disse o guitarrista Jonny Buckland, em entrevista para a imprensa internacional na semana passada, em Londres.
"Queríamos que fosse um álbum cheio de vida, colorido, mas também com um lado sombrio."

Cores
Essa ambivalência é constante na obra de Kahlo, ele diz, "que nunca pinta em tons de cinza, mesmo que a temática seja deprimente". A mexicana, como se sabe, fez a seguinte anotação final em seu diário, pouco antes de morrer: "Espero que a minha partida seja feliz, e espero nunca mais voltar".
De modo que o novo disco tem faixas capazes de conjugar temática existencial com ritmo de palmas flamencas ("Cemeteries of London"); ou uma melodia e uma batida um pouco mais animadas do que a letra que diz "toda porta que tentei estava trancada" ("Lost!").
A canção intitulada "42", por exemplo, é ideal para o sujeito ouvir em posição fetal, num dia paulistano, chuvoso, de inverno. "O tempo é tão curto, e tenho certeza de que deve haver algo mais", Martin fica repetindo. Aí a melodia dá até uma certa animada, a letra diz que "Você não alcançou o seu paraíso, mas chegou perto" e, de novo, volta a tristeza sem fim da levada original.
Dois novos produtores foram chamados para cuidar das mudanças estéticas no som da banda (que não foram tão radicais assim, e não correm o risco de desagradar o enorme público cativo do Coldplay). Brian Eno, que já trabalhou com U2, David Bowie e David Byrne; e Markus Dravs, que veio recomendado pelos amigos do Arcade Fire, conta Buckland.

"Carnaval de idiotas"
Permanece, ainda, a divulgação de boas intenções políticas do grupo. Chris Martin apoiou em anos recentes a campanha Make Trade Fair (torne o comércio justo, em inglês), da ONG Oxfam, que defendia as posições dos países pobres dentro da Rodada Doha das negociações da OMC (Organização Mundial do Comércio).
No final do mês passado o grupo liberou em seu site o download gratuito de uma das faixas do disco novo, "Violet Hill". Em um vídeo que pode ser acessado no YouTube, eles não fazem distinção entre políticos e mostram George W. Bush, Tony Blair, Saddam Hussein e Barack Obama, entre outros, dançando ao som de uma letra que os chama de "arquitetos do futuro" de "um Carnaval de idiotas".
Buckland afirma que essa é a primeira canção do Coldplay "abertamente política". E é ainda dentro da lógica de certo "bom-mocismo" que ele explica os shows gratuitos que a banda fará em Londres, no dia 16 de junho, e em Nova York, no dia 23, para o lançamento do "Viva la Vida": "Queríamos fazer algo que não fosse cínico, e dar algo de volta aos fãs".
O guitarrista declara que quer voltar à América do Sul, incluindo o Brasil, com a turnê do disco. "Nos próximos 12 meses, provavelmente. Mas não ofereço nenhuma garantia."


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