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Em "Passione", Maitê faz inveja ao "pegador" Zé Mayer
Atriz fala sobre sua personagem, que, em apenas três semanas de novela, trai o marido com nove garotões
"Ela trai para respirar, para sentir que não é o lixo que o marido a faz sentir", justifica a intérprete de Stela
LAURA MATTOS
DE SÃO PAULO
Em "Passione", Maitê
Proença, 52, é a vingança das
mulheres por tudo o que José
Mayer, 60, já aprontou em
novelas e novelas por aí.
Sua personagem, Stela
Gouveia, escolhe um novo
garotão quase que a cada episódio para levar para cama,
enquanto o marido, Saulo
(Werner Schünemann), tenta
tomar o poder na empresa.
A nova versão da Belle de
Jour protagoniza cenas picantes com rapazes sarados.
Essas e outras "pegassiones" (destaque para Mariana
Ximenes/Reynaldo Gianecchini e Gabriela Duarte/Bruno Gagliasso) levaram o governo a notificar a Globo, que
havia classificado a novela
como recomendada a partir
de 10 anos, com horário livre.
À Folha, Maitê fala sobre
suas inspirações secretas para compor Stela e diz o que
pensa sobre a traição.
Folha - Já havia feito uma personagem como Stela?
Maitê Proença - Fiz Marquesa de Santos, amante do
Imperador, Dona Beija, que
oferecia favores sexuais em
troco de dinheiro, fiz um filme, "Vox Populi", em que a
mulher era infiel e vulgar,
mas traidora convicta, no ritmo da Stela, é a primeira.
Por que Stela trai o marido?
Para respirar, sentir que
não é o lixo que ele a faz sentir. Ele é truculento, agressivo, desagradável e grosso.
Por que escolhe garotões?
Jovens não se incomodam
com rugas e um corpo imperfeito, têm disponibilidade
para uma aventura sem nome, correm riscos sem ter
que fazer grandes conjecturas e admiram a experiência.
Quem a inspira para o papel?
Não posso citá-las. São só
pontos de referência que ajudaram em retoque aqui e ali.
Stela tem um quê da Belle de
Jour do filme de Luis Buñuel?
Ela tem uma secura parecida com o personagem da [Catherine] Deneuve. A secura
de quem carrega uma tristeza. Aquilo não satisfaz até o
fim. Mas, Stela, na hora ela
tem grande prazer. Na volta
para casa é que a coisa pega.
As traições tendem a ter humor ou seguirão pelo drama?
A novela está começando,
tudo é possível. Silvio [de
Abreu, autor] vai olhando e
levando para um lado ou outro. Estou nas mãos de um
craque, não me preocupo.
Saulo é o tipo de homem que
merece ser traído?
Não. Merecer é vício da católica apostólica, longe de
mim. Ela fez um acordo de
casamento formal, e poderia,
se quisesse, cumpri-lo. Escolheu esse caminho, e ele pode ser facilmente explicado,
mas não se justifica.
Vale a pena suportar um marido assim pelos filhos?
Não! Mas, para mim, a fim
de dar coerência interna ao
interpretá-la, penso que Saulo é violento e que poderia
matá-la até se ela o abandonasse. Ele precisa dela, como
mantenedora da família, enfermeira e confidente. Stela é
a única pessoa que Saulo escuta e a única criatura que
ele tem na vida. Sucumbiria
sem ela. Na intimidade, deve
ameaçá-la terrivelmente para que não se vá.
É possível ser traído dessa
forma e não perceber?
Claro! Ele nem olha para
ela. É como uma bolsa jogada
num canto. Isso que uso para
construir Stela é algo de que
Saulo não tem consciência.
O que acha da traição no casamento? Já passou por isso?
Quando há uma relação
importante, deve-se fazer tudo para preservar o que se
tem de bom. Compreender,
entubar e seguir em frente
com a página virada. O que
não dá é traição sistemática,
desrespeito frequente. Melhor partir para outra. Mas
cada um sabe sua história,
não opino no amor de outros.
O que achou do fim polêmico
do programa "Saia Justa"?
Estamos de recesso, o programa voltará um dia...
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