São Paulo, segunda-feira, 30 de maio de 2011 |
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CRÍTICA MÚSICA ERUDITA Claus Peter Flor capturou a serena dramaticida de de Verdi SIDNEY MOLINA CRÍTICO DA FOLHA A história é conhecida: sensibilizado pela morte do poeta Alessandro Manzoni (1785-1873), Verdi (1813-1901) decidiu escrever a sua "Missa de Réquiem" (1874). O "Libera Me", trecho final, havia sido composto antes para um projeto não consumado em homenagem a Rossini (1792-1868). Na versão definitiva, soprano e coro retomam o delicado início, exposto pelos violinos há mais de uma hora. A impactante entrada do "Dies Irae" retorna intacta em momentos decisivos. Sob a marcação implacável dos tímpanos, uma linha cromática atinge a nota sol sustentada por metade do coro, enquanto as outras vozes imprimem ao tempo uma divisão ternária. FUSÃO PERFEITA Sob a regência de Claus Peter Flor, a apresentação do "Réquiem" pela Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) neste final de semana trouxe a fusão bem-sucedida entre o coro da orquestra e o Coral Lírico de Minas Gerais. Flor regeu cada entrada, cada linha, cada glosa. Tempos firmes, dinâmica natural, sem deixar passar nenhum detalhe. Homem do teatro, Verdi pede aos cantores uma dramaticidade atípica para a música sacra: aqui, cada solista é um ângulo preciso da tenebrosa trama cósmica. O baixo Franz-Josef Selig foi bom e discreto, e o tenor Marius Manea também esteve bem, embora seu timbre particular nem sempre se fundisse com o todo. A voz arredondada e clara da mezzo-soprano finlandesa Lilli Paasikivi, entretanto, combinou perfeitamente com os agudos encorpados e profundos da soprano americana Christine Brewer. Em ensaio reproduzido na "Revista Osesp" deste mês, o filósofo Isaiah Berlin (1909-1997) atribui a Verdi uma ingenuidade pré-moderna. A naturalidade de seu artesanato surge "em cores primárias", sem crises. Momentos como a "Lacrymosa" reforçam a tese: ele pinta a alma que busca repouso com os tons melodiosos das árias de ópera; serena, a morte se humaniza. REQUIEM, DE VERDI, PELA OSESP AVALIAÇÃO ótimo Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Americano faz campanha para ser figurante em HQs Índice | Comunicar Erros |
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