São Paulo, segunda-feira, 30 de maio de 2011

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CRÍTICA TEATRO

Relato pessoal intercala melancolia e festa

"Luis Antonio - Gabriela" conta biografia do irmão mais velho do diretor Nelson Baskerville em registro teatral

CHRISTIANE RIERA
CRÍTICA DA FOLHA

O vasto espaço do Galpão do Folias parece ocupado por uma instalação em vários momentos de "Luis Antonio -°Gabriela", dirigido por Nelson Baskerville, com dramaturgia de Verônica Gentilin, em colaboração com a Cia. Mungunzá.
Bolsas de soro hospitalar penduradas por todo o teto dão clima premonitório do triste fim do protagonista Gabriela, introduzido por um coro alegre que narra seu nascimento, em 1953, e culmina com sua declaração: "Eu sou um travesti".
Em cena reveladora, telas do artista plástico Thiago Hattner espalhadas pelo palco expõem a sexualidade como algo que o amedronta durante um passeio pelo Guggenheim de Bilbao, local de sua morte em 2006.
É pela fusão dos tons melancólico e festivo que se constrói esse relato pessoal de Baskerville, que mistura trechos de sua infância com a história de seu irmão.
Apesar das soluções cênicas originais, a dramaturgia intencionalmente solta oferece pouca novidade ao tema e ao desenho do transexual. As tentativas de amarração com conteúdo mais abrangente não asseguram abordagem fora dos clichês.
Exceções são as descobertas sexuais entre os dois irmãos.
Marcos Felipe como Gabriela atravessa a montagem na ponta dos pés, recurso que lhe garante bela interpretação dos trejeitos contidos do personagem.
Mesmo que a saga de Gabriela não apresente surpresas, as quebras confessionais de seu autor emocionam pela verdade escancarada.

LUIS ANTÔNIO - GABRIELA
QUANDO de qui. a sáb, às 21h, dom, às 19h; até 17/7
ONDE Galpão do Folias (r. Ana Cintra, 213. tel. 0/xx/11/3361-2223)
QUANTO de R$ 10 (para moradores de Santa Cecília) a R$ 30
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO regular


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