São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2008

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Agressividade marca som da dupla francesa

Clipe polêmico do Justice tem cenas de espancamento e abuso de mulheres

"A música é violenta. Por isso precisávamos de um clipe violento. Não entendo o motivo de tanta indignação", afirma Xavier de Rosnay

DA REPORTAGEM LOCAL

Além da cruz, uma das características que moldam a imagem pop do Justice é a agressividade de suas músicas -se fosse feita com guitarra e bateria, seria chamada de heavy metal. Essa agressividade foi explicitada com imagens de violência extrema no clipe de "Stress".
O vídeo é feito de cenas em que uma gangue de jovens sai pelas ruas abusando de mulheres, quebrando carros, espancando gente de todo tipo. Dirigido por Romain-Gavras, filho do cineasta Costa-Gavras, o clipe foi chamado de, entre outras coisas, homofóbico, racista e, por supostamente incitar a violência, de irresponsável.
Emissoras de TV da Europa teriam boicotado o vídeo. Xavier de Rosnay, do Justice, comenta o episódio à Folha:
"Muitos pensam que o clipe foi recusado por emissoras de TV. Não foi nada disso. Nós não mandamos para as TVs. O vídeo foi feito para a internet. Você escolhe se quer clicar ou não para vê-lo".
(Para quem quiser clicar, ele está no www.myspace.com/ etjusticepourtous.)
"A música é violenta. Por isso precisávamos de um clipe violento. Não entendo o motivo de tanta indignação. Existe muita violência em diversos lugares e não há essa controvérsia."
O Justice já esteve no Brasil. Em novembro de 2005, fizeram DJ set em São Paulo. Mas poucos viram, pois aconteceu no mesmo dia do extinto festival Claro que é Rock.

O show
Desta vez, a dupla vem para apresentação ao vivo, com direito à enorme cruz, às paredes de amplificadores Marshall dispostas no palco e ao efervescente jogo de luzes.
Segundo Rosnay, a apresentação em São Paulo será "semelhante" à vista por este repórter no festival Coachella, nos EUA, em abril. O Justice fez o último show do último dia do evento que se esparramou por três dias. A tenda estava lotada e, durante todo o show, o público pulava como se estivesse assistindo a uma banda punk.
"Usaremos o mesmo tipo de equipamento, as mesmas luzes. Talvez mudemos algumas músicas", diz Rosnay.
O que eles mudarão, segundo o músico, é a própria estética da banda. Rosnay diz que o show no Skol Beats será o último desta turnê, e que depois a dupla ficará parada por algum tempo.
"Vamos parar após o show no Brasil. São Paulo será nosso último show por um bom tempo. Vamos tirar férias. Não sei o que virá depois, que tipo de música faremos", adianta.

Sucesso com remix
Eles podem mudar algumas músicas em relação ao show do Coachella, mas uma das faixas que certamente será ouvida no Brasil é a versão feita para "Never Be Alone", do extinto grupo inglês Simian.
De 2003, ela foi a primeira produção de Rosnay e Gaspard Auge como Justice. O primeiro era estudante de design gráfico; o segundo, fã de Metallica e integrante de uma banda de rock.
Fizeram o remix para participar de um concurso. Não ganharam, mas o trabalho caiu nas mãos de alguns DJs e, até dois anos atrás, o grudento refrão "Because we are your friends/ You'll never be alone again" ainda era uma das músicas mais tocadas nas pistas.
"Usamos apenas um sampler e um seqüenciador. E pegamos da faixa original apenas os vocais do refrão", conta Rosnay.
Simplicidade que é a razão de ser do Justice. Rosnay diz que escolheu a música eletrônica porque "era algo acessível e não muito difícil, na verdade".
A música do Justice normalmente é descrita como electro-rock, por culpa das batidas fortes, da estrutura pop (estrofe-refrão) e do visual roqueiro.
Questionado sobre o assunto, Rosnay diminui a influência roqueira: "Somos mais influenciados pela disco music do que pelo rock. Fico surpreso quando nos comparam com bandas de rock. O que fazemos é disco music moderna, distorcida".
O sucesso de faixas como "D.A.N.C.E.", "Phantom", "Waters of Nazareth" e "DVNO" gerou um sem-número de cópias pelo mundo. O francês diz não se incomodar com os clones:
"Não vejo problema nenhum, contanto que seja boa e tenha algo de original. Há muitos garotos fazendo música em casa, e certamente sempre vão dizer que suas músicas parecem com algo que já foi feito".
(THIAGO NEY)


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