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Ânimo não esconde erros de Nando Reis
Em show de lançamento de "Drês", imperfeições se sobrepõem à empolgação do cantor e de sua banda
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
EDITOR DO FOLHATEEN
Assistir a um show sentado à mesa ou em pé,
com o espaço livre para
a plateia, faz muita diferença.
Ao atual de Nando Reis, assiste-se sentado -ao menos em
São Paulo, onde a turnê de
"Drês", seu disco mais recente,
aportou no último fim de semana. E essa escolha, aparentemente trivial (e, certamente,
comercial), é um equívoco.
Porque, ao vivo, Nando Reis é
basicamente empolgação -ele
parece realmente sentir suas
letras, quase todas pessoais e
apaixonadas, e suas melodias,
entregando-se às canções abertamente, sem medo de parecer
ridículo ocasionalmente.
Tudo lindo, se o público estiver nessa onda, mas, estando
sentado, é mais complicado
acompanhar essa empolgação.
Aí, a observação se fixa nas imperfeições do show, que o ânimo do cantor não esconde.
Elas são muitas, a começar
pela voz oscilante de Nando,
por sua pronúncia não raro
truncada e ininteligível. Suas
letras, que tanto impactam
seus fãs nos discos, perdem clareza ao vivo -e, por extensão,
perdem impacto.
Outro problema é a tendência do cantor e compositor a seguir o método Gilberto Gil de
digressionar entre as canções.
Exemplo do show em questão:
"Há certas formas de dizer
certas coisas que nem sempre
parecem certas, mas, quando
elas acertam o coração, parecem compensar...", diz Nando.
"Toca!", grita alguém da plateia, tentando interromper (em
vão) a divagação.
Quando chama ao palco Ana
Cañas, para o dueto em "Pra
Você Guardei o Amor", Nando
fala em "colisões astronômicas". No telão, durante a canção, imagens de cisnes em um
lago. E você lá, sentado numa
mesa entre baldinhos de cerveja, aperitivos e desconhecidos.
"Drês" quase na íntegra
O roteiro da apresentação,
com pouco mais de 20 canções,
traz nove das 12 músicas de
"Drês", um disco que alterna
uma pegada mais roqueira (como em "Mosaico Abstrato",
que abre o show) com baladas
(como "Conta", feita para a
mãe) e melodias acústicas animadinhas (tipo "Mil Galáxias").
Há uma sequência de três
canções dedicada aos filhos,
uma breve homenagem a Michael Jackson (com um trecho
de "Wanna Be Startin" Somethin'") e as baladas que o povo
quer ouvir, como "All Star".
E há, já perto do bis, uma empolgação maior do público, que
levanta das mesas para tentar
aproveitar mais o pouco que
resta do show.
Avaliação: regular
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