|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTES VISUAIS
Edifício, no Ibirapuera, pode abrigar fotografias do Inst. Moreira Salles, o maior acervo privado do país
MAM e IMS disputam prédio da Prodam
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Sai o Museu de Arte Moderna
de São Paulo (MAM) e entra o
Instituto Moreira Salles (IMS). O
prédio da Prodam, a Companhia
de Processamento da Dados do
Município de São Paulo, cuja sede
está irregular no parque Ibirapuera, por uma lei municipal que
proíbe repartições públicas no local, está sendo negociado pela Secretaria Municipal do Verde e do
Meio Ambiente para ser cedido
ao IMS, o braço cultural do Unibanco.
"Oferecemos o prédio a várias
entidades, entre elas o próprio
MAM, mas as negociações com o
Instituto Moreira Salles estão bem
avançadas, e eles estão fazendo
todos os esforços para concretizar
a mudança", afirma Adriano Diogo, secretário do Verde e do Meio
Ambiente da Prefeitura de São
Paulo.
Em 2000, no final da gestão do
prefeito Celso Pitta, um decreto
municipal deu prioridade de uso
do prédio ocupado pela Prodam
para o MAM. Entretanto, a prefeitura estima em R$ 9,8 milhões o custo para realizar tal transferência, o
que precisaria ser custeado pela
instituição que ocupar o edifício.
O governo municipal não tem
verba disponível para arcar com
os custos da transferência.
Segundo Edson Micael Souza
Santos, coordenador-executivo
do IMS, "não há nada de concreto" em relação ao uso do prédio.
No entanto, Santos admite o interesse do instituto pelo local e mesmo a disponibilidade para pagar o
custo da transferência, de quase
R$ 10 milhões. "Esse é o nosso teto", afirma o coordenador.
Já Ronaldo Bianchi, superintendente-geral do MAM, diz que "o
museu continua com interesse no
prédio, desde que a prefeitura assuma os custos da transferência".
Em São Paulo, o IMS possui
apenas um acanhado espaço expositivo no bairro de Higienópolis. Os 13 mil m 2 do prédio no Ibirapuera, projetado por Oscar Niemeyer, seriam muito mais adequados para receber o acervo de
200 mil fotografias da instituição,
o que a torna a maior colecionadora privada do gênero no país.
O IMS possui ainda uma pinacoteca com 1.700 obras, além de
uma biblioteca com cerca de 50
mil volumes, entre eles coleções
de Décio de Almeida Prado, Otto
Lara Resende, Ana Cristina Cesar
e José Ramos Tinhorão.
No Ibirapuera, seria criado um
Museu da Fotografia, a partir do
acervo do IMS, que registra os
momentos de maior relevo da
história da técnica no país, desde
sua descoberta isolada no Brasil,
em 1833, pelo francês Hercule Romuald Florence (1804-1879), até a
atualidade. Entre os 170 fotógrafos representados das coleção do
IMS encontram-se desde fotógrafos do século 19, como Augusto
Stahl e Militão Augusto de Azevedo, até nomes do século 20, como
Hildegard Rosenthal e Alice Brill.
Destinação cultural
Já existe um prédio em negociação para ser ocupado pela Prodam fora do parque. Na próxima
segunda-feira, a instituição terá
uma reunião com a direção do órgão municipal para discutir a viabilidade de seu uso.
Não há um prazo fixo para a reforma. "É difícil estimar o tempo
necessário para as adaptações; no
Rio, quando estimamos em seis
meses o tempo para a reforma de
nosso centro cultural, acabamos
levando um ano", conta Santos.
Certo mesmo é que, ainda neste
ano -a previsão inicial é setembro-, será inaugurado o Museu
Afro-Brasil, na antiga sede da prefeitura municipal, no Ibirapuera,
com curadoria de Emanoel Araujo, ex-diretor da Pinacoteca do
Estado. O museu será constituído
pelo próprio acervo de Araujo.
Ainda em 2004, com previsão
para outubro, será inaugurado o
auditório, com 800 lugares, também projetado por Oscar Niemeyer e que só agora está realizado,
graças ao patrocínio de uma empresa privada.
Se o IMS de fato ocupar o prédio
da Prodam, todos os edifícios localizados no parque Ibirapuera
terão uma destinação cultural. "É
uma ação tão espetacular quanto
a saída da prefeitura, em 1992",
afirma Diogo.
Texto Anterior: Popload: Um cara chamado Michael Próximo Texto: Panorâmica - Cinema: Festival de Veneza anuncia concorrentes Índice
|