São Paulo, sexta-feira, 30 de julho de 2004

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ARTES VISUAIS

Edifício, no Ibirapuera, pode abrigar fotografias do Inst. Moreira Salles, o maior acervo privado do país

MAM e IMS disputam prédio da Prodam

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Sai o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) e entra o Instituto Moreira Salles (IMS). O prédio da Prodam, a Companhia de Processamento da Dados do Município de São Paulo, cuja sede está irregular no parque Ibirapuera, por uma lei municipal que proíbe repartições públicas no local, está sendo negociado pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente para ser cedido ao IMS, o braço cultural do Unibanco.
"Oferecemos o prédio a várias entidades, entre elas o próprio MAM, mas as negociações com o Instituto Moreira Salles estão bem avançadas, e eles estão fazendo todos os esforços para concretizar a mudança", afirma Adriano Diogo, secretário do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo.
Em 2000, no final da gestão do prefeito Celso Pitta, um decreto municipal deu prioridade de uso do prédio ocupado pela Prodam para o MAM. Entretanto, a prefeitura estima em R$ 9,8 milhões o custo para realizar tal transferência, o que precisaria ser custeado pela instituição que ocupar o edifício. O governo municipal não tem verba disponível para arcar com os custos da transferência.
Segundo Edson Micael Souza Santos, coordenador-executivo do IMS, "não há nada de concreto" em relação ao uso do prédio. No entanto, Santos admite o interesse do instituto pelo local e mesmo a disponibilidade para pagar o custo da transferência, de quase R$ 10 milhões. "Esse é o nosso teto", afirma o coordenador.
Já Ronaldo Bianchi, superintendente-geral do MAM, diz que "o museu continua com interesse no prédio, desde que a prefeitura assuma os custos da transferência".
Em São Paulo, o IMS possui apenas um acanhado espaço expositivo no bairro de Higienópolis. Os 13 mil m 2 do prédio no Ibirapuera, projetado por Oscar Niemeyer, seriam muito mais adequados para receber o acervo de 200 mil fotografias da instituição, o que a torna a maior colecionadora privada do gênero no país.
O IMS possui ainda uma pinacoteca com 1.700 obras, além de uma biblioteca com cerca de 50 mil volumes, entre eles coleções de Décio de Almeida Prado, Otto Lara Resende, Ana Cristina Cesar e José Ramos Tinhorão.
No Ibirapuera, seria criado um Museu da Fotografia, a partir do acervo do IMS, que registra os momentos de maior relevo da história da técnica no país, desde sua descoberta isolada no Brasil, em 1833, pelo francês Hercule Romuald Florence (1804-1879), até a atualidade. Entre os 170 fotógrafos representados das coleção do IMS encontram-se desde fotógrafos do século 19, como Augusto Stahl e Militão Augusto de Azevedo, até nomes do século 20, como Hildegard Rosenthal e Alice Brill.

Destinação cultural
Já existe um prédio em negociação para ser ocupado pela Prodam fora do parque. Na próxima segunda-feira, a instituição terá uma reunião com a direção do órgão municipal para discutir a viabilidade de seu uso.
Não há um prazo fixo para a reforma. "É difícil estimar o tempo necessário para as adaptações; no Rio, quando estimamos em seis meses o tempo para a reforma de nosso centro cultural, acabamos levando um ano", conta Santos.
Certo mesmo é que, ainda neste ano -a previsão inicial é setembro-, será inaugurado o Museu Afro-Brasil, na antiga sede da prefeitura municipal, no Ibirapuera, com curadoria de Emanoel Araujo, ex-diretor da Pinacoteca do Estado. O museu será constituído pelo próprio acervo de Araujo.
Ainda em 2004, com previsão para outubro, será inaugurado o auditório, com 800 lugares, também projetado por Oscar Niemeyer e que só agora está realizado, graças ao patrocínio de uma empresa privada.
Se o IMS de fato ocupar o prédio da Prodam, todos os edifícios localizados no parque Ibirapuera terão uma destinação cultural. "É uma ação tão espetacular quanto a saída da prefeitura, em 1992", afirma Diogo.


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