São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2008

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Bonequinhas de plástico

Destaques do novo rock francês, as garotas da Plastiscines trazem ao Brasil em setembro seu som barulhento de garagem embalado em um visual "Vogue"

Divulgação
A banda francesa Plastiscines, formada por amigas de escola durante show do Libertines

LÚCIO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Un, deux, trois, quatre. O mantra punk "one, two, three, four" dos Ramones ganhou versão francesa, batom da Lancôme, roupa da Collete e serve de guia a quatro garotas de Paris que vêm ajudando a dar sentido ao rock'n'roll na terra de Serge Gainsbourg e do eletrônico. E o que é melhor: poderá ser ouvido no Brasil em setembro.
As tais quatro garotas, as belas Katty, Louise, Marine e Caroline, formam a banda de punk rock Plastiscines, que o festival Orloff Five traz a São Paulo no dia 6 de setembro. No dia 5, elas tocam no festival Porão do Rock, em Brasília.
"Acho meio bizarro um país longe como o Brasil ter interesse no nosso som. Fora da França, só tocamos no Reino Unido e nos EUA. Mas notamos, pelo MySpace [myspace.com/plas tiscines], que há muito acesso às nossas músicas vindo daí", diz à Folha, por telefone, Louise Basilien, baixista da banda.
A Plastiscines integra um levante recente de bandas de rock no underground francês. A explosão ganhou um disco-manifesto em 2006, "Paris Calling", lançado depois na Inglaterra. O álbum, com duas músicas da Plastiscines, foi um grito pedindo atenção à cena roqueira parisiense e o aval para a molecada francesa mostrar que pensa bem além de Daft Punk.
"É fácil explicar o novo rock francês", diz Louise. "Nossa banda e várias outras surgiram em 2004, 2005, em corredores de colégio. Todos com 16, 17 anos, com muito acesso à internet e gostando muito de música, mas nada a ver com eletrônico nem com música romântica. Quisemos aprender a tocar para fazer a "nossa" música."
As amigas de escola Louise e Katty (vocalista e guitarrista) resolveram montar a Plastiscines durante um show da inglesa Libertines, banda, por sua vez, importante no novo rock britânico (2004), formada na platéia de apresentações de Strokes e White Stripes, pilares do novo rock americano (2001). O sangue da nova música corre pelas veias da internet.
A Plastiscines (palavra saída da letra de "Lucy in the Sky with Diamonds", dos Beatles; sem o "s" antes do "c", dá nome a uma massa de modelar) lançou na França, em 2007, o CD de estréia, "LP1", que ganhou edições inglesa e americana. Fora da França, o mundo da moda adotou as meninas lindas que faziam um som barulhento, áspero, de garagem, mas vestidas como se, em vez de em bares sujinhos, badalassem na semana de moda de Paris. E lá estavam elas na "Vogue Italia", na "Nylon" americana...
"Não nos incomoda essa coisa da moda. Isso chama a atenção para nossa música; a mídia gosta de bandas de meninas. Mais revistas de moda do que de rock gostam da gente. Normal. Mas sempre falamos: não somos modelos. Nem nos achamos tão bonitas...", ri Louise.
Obviamente, roupas e beleza renderam a implicância de meninos franceses, que as chamavam de "bonecas riquinhas brincando de tocar rock". Veio o troco. No vídeo de "Loser", quatro garotos começam tocando a canção. Aí a Plastiscines entra, toma os instrumentos e mostra quem manda. A reação foi imediata: o YouTube tem vários vídeos de meninos vestidos de mulher cantando "Loser" para zombar da banda.
"Surgiu a fama de que odiamos meninos, mas não é isso", diz Louise. "Tanto não é que até tenho namorado [risos]. Quando era mais nova, eu tinha bronca deles. Mas passou."


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