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Outro lado
Cruvinel diz que não quer "colegiado político"
DA REPORTAGEM LOCAL
Indicada para a presidência
da TV Brasil por Luiz Inácio
Lula da Silva, Tereza Cruvinel
tem fama de linha-dura. E também de temperamental. Procurada pela Folha, a jornalista
preferiu conceder entrevista
por e-mail. Disse estar envolvida com o processo de seleção de
projetos da produção independente para a emissora.
Cruvinel faz questão de afirmar, em primeiro lugar, que recebeu uma estrutura "tecnologicamente sucateada e, do ponto de vista humano, desestimulada." Além disso, tinha de incorporar as estruturas da Radiobras e da TVE antes de ser
colocada em funcionamento.
"Apesar de tudo isso, fizemos
uma reforma organizacional
que a tornou mais adequada e
ágil, implantamos o canal de
São Paulo, licitamos mais de R$
100 milhões em equipamentos
digitais, implantamos os telejornais e demos início à renovação da programação."
Sobre a pouca atenção dada à
produção independente, ela diz
que a participação do setor na
grade já supera os 5% previstos
em lei e que, a depender da resposta do setor, pode chegar a
40%. À pergunta sobre o afastamento da "turma do MinC",
Cruvinel diz que "a diretoria-executiva da EBC não deve ser
um colegiado político, mas administrativo", e reforça que a
parceria continua, seja por
meio de programas, seja pela
presença do ministro Juca Ferreira no conselho da EBC.
Cruvinel, na entrevista, defende o papel de uma emissora
pública e volta a defender-se
das críticas de que, no alto escalão, a TV Brasil está ocupada
por ex-funcionários da Globo.
Além de Cruvinel, trabalharam
na empresa da família Marinho
a diretora de jornalismo, Helena Chagas, e o novo diretor de
produção, Roberto Faustino.
"Acho uma bobagem. As Organizações Globo são uma
grande escola de televisão e de
jornalismo. A TV Brasil só tem
a ganhar com a experiência ali
adquirida por qualquer profissional ou diretor."
Conselho inoperante
Informado de que muitos dos
envolvidos no projeto criticam
seu distanciamento em relação
à EBC, o presidente do conselho, Luiz Gonzaga Belluzzo,
anunciou que quer deixar o
posto. "Já fiz o trabalho que deveria ter feito. O período de implantação foi duro e não tenho
vocação para várias presidências", diz Belluzzo, que é também presidente do Palmeiras.
"Vou conversar com o presidente Lula para entregar o cargo." Mais uma baixa a caminho.
Belluzzo aproveitou a conversa para defender que a saída
dos diretores ligados ao MinC
tem a ver com questões funcionais, e não políticas. "Estão tentando transformar problemas
privados em questões estratégicas. O problema é que, como
diz Marx, a burocracia se julga a
alma da sociedade".
Belluzzo reitera que não é papel do conselho interferir nas
decisões da presidência, mas
sim garantir isenção jornalística e qualidade. "Se houver acusações de parcialidade políticas, vamos verificar."
Cruvinel diz, por sua vez, que
o conselho tem, sim, funcionado e garantido a independência
da EBC em relação ao governo.
(APS)
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