São Paulo, quinta-feira, 30 de julho de 2009

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Outro lado

Cruvinel diz que não quer "colegiado político"

DA REPORTAGEM LOCAL

Indicada para a presidência da TV Brasil por Luiz Inácio Lula da Silva, Tereza Cruvinel tem fama de linha-dura. E também de temperamental. Procurada pela Folha, a jornalista preferiu conceder entrevista por e-mail. Disse estar envolvida com o processo de seleção de projetos da produção independente para a emissora.
Cruvinel faz questão de afirmar, em primeiro lugar, que recebeu uma estrutura "tecnologicamente sucateada e, do ponto de vista humano, desestimulada." Além disso, tinha de incorporar as estruturas da Radiobras e da TVE antes de ser colocada em funcionamento.
"Apesar de tudo isso, fizemos uma reforma organizacional que a tornou mais adequada e ágil, implantamos o canal de São Paulo, licitamos mais de R$ 100 milhões em equipamentos digitais, implantamos os telejornais e demos início à renovação da programação."
Sobre a pouca atenção dada à produção independente, ela diz que a participação do setor na grade já supera os 5% previstos em lei e que, a depender da resposta do setor, pode chegar a 40%. À pergunta sobre o afastamento da "turma do MinC", Cruvinel diz que "a diretoria-executiva da EBC não deve ser um colegiado político, mas administrativo", e reforça que a parceria continua, seja por meio de programas, seja pela presença do ministro Juca Ferreira no conselho da EBC.
Cruvinel, na entrevista, defende o papel de uma emissora pública e volta a defender-se das críticas de que, no alto escalão, a TV Brasil está ocupada por ex-funcionários da Globo. Além de Cruvinel, trabalharam na empresa da família Marinho a diretora de jornalismo, Helena Chagas, e o novo diretor de produção, Roberto Faustino.
"Acho uma bobagem. As Organizações Globo são uma grande escola de televisão e de jornalismo. A TV Brasil só tem a ganhar com a experiência ali adquirida por qualquer profissional ou diretor."

Conselho inoperante
Informado de que muitos dos envolvidos no projeto criticam seu distanciamento em relação à EBC, o presidente do conselho, Luiz Gonzaga Belluzzo, anunciou que quer deixar o posto. "Já fiz o trabalho que deveria ter feito. O período de implantação foi duro e não tenho vocação para várias presidências", diz Belluzzo, que é também presidente do Palmeiras. "Vou conversar com o presidente Lula para entregar o cargo." Mais uma baixa a caminho.
Belluzzo aproveitou a conversa para defender que a saída dos diretores ligados ao MinC tem a ver com questões funcionais, e não políticas. "Estão tentando transformar problemas privados em questões estratégicas. O problema é que, como diz Marx, a burocracia se julga a alma da sociedade".
Belluzzo reitera que não é papel do conselho interferir nas decisões da presidência, mas sim garantir isenção jornalística e qualidade. "Se houver acusações de parcialidade políticas, vamos verificar."
Cruvinel diz, por sua vez, que o conselho tem, sim, funcionado e garantido a independência da EBC em relação ao governo. (APS)


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