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EVENTO
Debate analisa o manifesto elaborado pelo cineasta Jeferson De em 1999
"Feijoada" quer negros no cinema
DA REPORTAGEM LOCAL
A reivindicação por maior espaço para cineastas negros no
Brasil foi a tônica do debate "Dogma Feijoada - Manifesto Acerca
da Imagem do Negro no Cinema
Brasileiro", evento promovido
pela Folha e pelo 11º Festival Internacional de Curtas-Metragens
de São Paulo, que ocorreu no último dia 23.
Estiveram presentes no debate o
cineasta Jeferson De, diretor do
curta "Gênesis 22", estudante de
cinema da Universidade de São
Paulo e autor do manifesto "Dogma Feijoada - Gênese do Cinema
Negro Brasileiro"; o rapper Xis,
vencedor na categoria rap do último Video Music Brasil, evento da
MTV que premia os melhores videoclipes do ano; e o escritor Ferréz, que lançou seu primeiro livro,
"Capão Pecado", sobre a periferia
de São Paulo, neste ano. A mediação foi feita pelo jornalista Sérgio
Rizzo, crítico de cinema e colaborador da Folha.
Jeferson De abriu o debate expondo os pontos que norteiam
seu manifesto. Segundo De, um
filme do "Dogma Feijoada" deve
ser dirigido por um negro brasileiro; o protagonista tem de ser
negro; a temática tem de estar relacionada à cultura negra brasileira; o cronograma deve ser executável; personagens estereotipados, negros ou não, estão proibidos; super-heróis ou bandidos
deverão ser evitados, e o roteiro
deverá privilegiar o negro comum
brasileiro, ou seja, nada de sambistas e jogadores de futebol.
"É preciso evitar personagens
negros estereotipados", disse o cineasta. "No período da chanchada havia Grande Otelo, que só interpretava preto burro assexuado.
Na minha infância, meu ídolo era
o Mussum, que fazia um negro
bêbado que falava errado, isso é
um absurdo. Em "Orfeu", não me
identifiquei quando vi aquele
sambista compondo num laptop.
Tem algumas coisas que me incomodam no filme, como, por
exemplo, a bunda do Toni Garrido", disse, tirando risos da platéia.
De ainda comparou a indústria
de filmes de cineastas negros brasileira à dos EUA, citando o diretor Spike Lee. "Quando o Spike
Lee precisou de dinheiro para fazer o "Malcolm X", ele ligou para o
Michael Jordan... Se eu ligar para
o Vampeta pedindo dinheiro para
complementar o meu curta, eu
duvido que ele vá dar algum."
Xis e Ferréz complementaram o
debate falando sobre suas áreas
de atuação, a música e a literatura,
produzidos de maneira independente, que estão conquistando
seu espaço aos poucos.
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