São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2008

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flagras do êxtase

Vania Toledo mostra na Pinacoteca 150 retratos instantâneos de brasileiros e gringos nas baladas dos anos 70, 80 e 90

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

Das hordas de divas e purpurinados que faziam fila todas as noites na porta do Studio 54, em Nova York, só alguns eram escolhidos para entrar na festa. "Por acaso, sempre me chamavam", lembra a fotógrafa Vania Toledo. E ela tinha na bolsa uma pequena Yashica que flagrou gente como Truman Capote, Harper Lee e Andy Warhol em busca do nirvana na pista de dança.
"Eu fiquei muito tímida diante de Warhol, porque ele tinha maquiagem, peruca, era um homem "fake", mas de ousadia estética enorme", dispara Toledo sobre seu maior ídolo. "Ele me ensinou a liberdade de fotografar com uma câmera qualquer para fazer algo que você possa mostrar com orgulho."
São 150 retratos instantâneos da balada em São Paulo, Rio, Londres e Nova York, ao longo dos anos 70, 80 e 90, que Toledo fez com sua máquina portátil -a mesma que ganhou de Gilberto Gil o simpático apelido Nhá Chica-, que ela mostra a partir de hoje na Pinacoteca do Estado, em SP.
"É a intimidade que poucos fotógrafos têm o despudor de mostrar, porque tem erros, não é germanicamente perfeito", admite Toledo. Mineira de Paracatu, ela se mudou aos 13 para a capital paulista, onde começou a fotografar nos anos 70 para o "Aqui São Paulo", extinto diário de Samuel Wainer. Depois passou por uma porção de lugares, como "Vogue", "Cláudia" e "Interview", a versão brasileira da cultuada revista de Andy Warhol.
Naquele encontro-relâmpago na pista do 54, aliás, o mestre da pop art reclamou à fotógrafa que a sucursal do Brasil sempre atrasava pagamentos à matriz. "Ele era muito materialista, um gênio marqueteiro."
Também é o único que arranca da fotógrafa elogios tão rasgados, já que ela detesta a fama "que distorce tudo". Os retratos que fez do abraço de Caio Fernando Abreu e Cazuza, no camarim, Ney Matogrosso de fio dental na praia, Dina Sfat só de roupão, Rita Lee grávida e outros tantos, se devem, ela diz, à sua grande amizade com quase todo mundo que foi relevante na cultura nessas três décadas.
Em SP, Toledo flagrou a estréia da minissaia na pista da Aquarius, os VIPs da Gallery e os primeiros "punks, insones, drogados e jornalistas" no Madame Satã. No Rio, os músicos da tropicália ensolarada.


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