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Rádio on-line reúne raridades brasileiras
Instituto Moreira Salles disponibiliza biblioteca musical com mais de 100 mil obras em programas a partir de amanhã
Documentários e programetes vão ajudar o ouvinte a conhecer o arquivo; na estreia, João Bosco fala sobre acervo
MARCELO BORTOLOTI
DO RIO
O primeiro disco lançado
no Brasil pesava quase meio
quilo. Produzido no Rio de
Janeiro em 1902, feito de cera
de carnaúba e raspa de casco
de animais, suas cópias foram distribuídas de navio para outros Estados do país.
Tudo isso para tocar uma
única música, "Isto É Bom",
do hoje obscuro Xisto Bahia
-lundu recentemente gravado pelo sambista Monarco.
Um dos poucos exemplares desse fonograma histórico está guardado no acervo
do Instituto Moreira Salles,
no Rio. Além dele, o arquivo
tem outras 100 mil canções, a
maioria raridades em discos
de 78 rotações da primeira
metade do século passado.
Essa é uma das preciosidades que estarão na rádio on-line (no site www.ims.com.br) a ser lançada amanhã pelo instituto.
É fácil para um conjunto
assim, tão precioso quanto
vasto, causar frustração ao
leigo, sem experiência em
navegar nas pilhas de discos
e filtrar delas o que interessa.
Daí a pertinência da rádio,
que oferecerá raridades em
programetes. Um deles trará
sempre um compositor da
MPB falando de sua formação musical por meio de canções do acervo. O primeiro
será João Bosco.
SURPRESAS
A biblioteca musical do
instituto começou a ser montada em 2000, com a aquisição do arquivo particular de
Pixinguinha.
Foi engrossada com as coleções do pesquisador Humberto Franceschi, formada ao
longo de 50 anos, e de José
Ramos Tinhorão, com mais
de 6.000 discos.
O passeio por esse conjunto revela surpresas. O pintor
Di Cavalcanti, por exemplo,
também foi compositor musical. Ele é o autor de "Rabo
de Peixe", em parceria com
Alcir Pires Vermelho, lançada em 1954.
A programação inclui variedades e documentários. O
primeiro deles aborda curiosidades sobre Noel Rosa.
Morto aos 26 anos de tuberculose, ele inspirava cuidados dos amigos, segundo o
programa. Certa vez, um deles lhe chamou a atenção no
bar por estar bebendo cerveja e conhaque.
Noel argumentou que a
cerveja era rica em nutrientes. "Mas para que o conhaque?", perguntou o amigo.
"Não gosto de comer nada a
seco", emendou o boêmio.
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