São Paulo, segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rádio on-line reúne raridades brasileiras

Instituto Moreira Salles disponibiliza biblioteca musical com mais de 100 mil obras em programas a partir de amanhã

Documentários e programetes vão ajudar o ouvinte a conhecer o arquivo; na estreia, João Bosco fala sobre acervo

MARCELO BORTOLOTI
DO RIO

O primeiro disco lançado no Brasil pesava quase meio quilo. Produzido no Rio de Janeiro em 1902, feito de cera de carnaúba e raspa de casco de animais, suas cópias foram distribuídas de navio para outros Estados do país.
Tudo isso para tocar uma única música, "Isto É Bom", do hoje obscuro Xisto Bahia -lundu recentemente gravado pelo sambista Monarco.
Um dos poucos exemplares desse fonograma histórico está guardado no acervo do Instituto Moreira Salles, no Rio. Além dele, o arquivo tem outras 100 mil canções, a maioria raridades em discos de 78 rotações da primeira metade do século passado.
Essa é uma das preciosidades que estarão na rádio on-line (no site www.ims.com.br) a ser lançada amanhã pelo instituto.
É fácil para um conjunto assim, tão precioso quanto vasto, causar frustração ao leigo, sem experiência em navegar nas pilhas de discos e filtrar delas o que interessa.
Daí a pertinência da rádio, que oferecerá raridades em programetes. Um deles trará sempre um compositor da MPB falando de sua formação musical por meio de canções do acervo. O primeiro será João Bosco.

SURPRESAS
A biblioteca musical do instituto começou a ser montada em 2000, com a aquisição do arquivo particular de Pixinguinha.
Foi engrossada com as coleções do pesquisador Humberto Franceschi, formada ao longo de 50 anos, e de José Ramos Tinhorão, com mais de 6.000 discos.
O passeio por esse conjunto revela surpresas. O pintor Di Cavalcanti, por exemplo, também foi compositor musical. Ele é o autor de "Rabo de Peixe", em parceria com Alcir Pires Vermelho, lançada em 1954.
A programação inclui variedades e documentários. O primeiro deles aborda curiosidades sobre Noel Rosa.
Morto aos 26 anos de tuberculose, ele inspirava cuidados dos amigos, segundo o programa. Certa vez, um deles lhe chamou a atenção no bar por estar bebendo cerveja e conhaque.
Noel argumentou que a cerveja era rica em nutrientes. "Mas para que o conhaque?", perguntou o amigo. "Não gosto de comer nada a seco", emendou o boêmio.


Texto Anterior: FOLHA.com
Próximo Texto: Preciosidades destaques do acervo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.