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Galerias investem em Hélio Oiticica
Paulo Kuczynski expõe dez "Parangolés" de 1979; Nara Roesler remonta as experiências de "Penetrável" e "Cosmococa'
"Parangolés" foram usados em festival no Recife; "Cosmococa CC4 Nocagions" foi montada somente uma vez, no Rio de Janeiro
GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
"Se há gente interessada em
minha obra anterior, melhor,
mas não vou expô-la ou ficar repetindo ad infinitum as mesmas coisas; não estou aqui para
fazer retrospectivas, como um
artista acabado; estou no início
de algo maior; quem não entender que se dane; procurem se
informar melhor e respeitar
idéias e trabalho feito", escreveu Hélio Oiticica em 1971.
Se Lisette Lagnado preferiu
se ater ao repertório conceitual
do artista na 27ª Bienal, sem
expor nenhuma de suas obras,
duas galerias paulistanas, a
Paulo Kuczynski e a Nara Roesler, apostam na face interativa
de Oiticica (1937-1980).
A partir de hoje, dez "Parangolés Capa" criados em 1979
para o Festival de Recife estarão no escritório de Kuczynski.
Acostumado a trabalhar com
pintores modernistas, o marchand decidiu investir na aquisição destas "capas feitas no
corpo", como Oiticica definiu
os "Parangolés", uma de suas
invenções da década de 60.
Mais do que simplesmente
apresentá-los como objetos ou
"troféus", a mostra, com montagem da cenógrafa Daniela
Thomas, permite vê-los em
uso: um vídeo feito no Minhocão esvaziado colocou passistas
da Vai-Vai para dançarem com
as capas no corpo.
Acompanha a exposição o
lançamento de um catálogo
concebido por Carlito Carvalhosa, fotografado por Gui Paganini e com texto inédito do
crítico britânico Guy Brett:
"Buscando inspiração tanto
no aristocrático quanto no popular, as "Capas do Parangolé"
são, ao mesmo tempo, mantos e
farrapos", escreveu.
Convivências
Parceria entre a galeria Nara
Roesler e o projeto Hélio Oiticica, a mostra "Penetrável" tem
curadoria de César Oiticica, filho do artista.
Na sala principal, foi remontada a instalação "Cosmococa
CC4 Nocagions", pensada por
Oiticica e Neville d'Almeida em
1973. Piscina d'água que recebe
projeções de slides, a instalação
permite que os visitantes vivenciem "um mergulho na
imagem", dialogando com as
linguagens do cinema, da fotografia e propondo a participação total do espectador.
"Até hoje o que fizemos há 30
anos me parece precursor.
Quando pensamos nas "Cosmococas", a palavra "instalação"
ainda não fazia parte do vocabulário. Criávamos algo que
não tinha nome", conta Neville.
A galeria mostra ainda uma
réplica do "Penetrável" (1961),
duas pinturas do período em
que Hélio integrou o grupo
Frente (1954/156), ampliações
fotográficas da série "Nocagions" e cinco de seus "Metaesquemas" (1957).
HÉLIO OITICICA: PARANGOLÉS
Quando: abertura hoje, às 11h; de seg.
a sex., das 10h às 18h; sáb., das 10h às
14h; até 11/11
Onde: Paulo Kuczynski Escritório de
Arte (al. Lorena, 1661, tel. 0/xx/11/
3064-5355)
Quanto: entrada franca
HÉLIO OITICICA: PENETRÁVEL
Quando: abertura quarta, das 10h às
22h; de seg. a sex., das 10h às 19h;
sáb., das 11h às 15h; até 18/11
Onde: galeria Nara Roesler (av. Europa, 655, tel. 0/xx/11/3063-2344)
Quanto: entrada franca
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