São Paulo, sábado, 30 de setembro de 2006

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Galerias investem em Hélio Oiticica

Paulo Kuczynski expõe dez "Parangolés" de 1979; Nara Roesler remonta as experiências de "Penetrável" e "Cosmococa'

"Parangolés" foram usados em festival no Recife; "Cosmococa CC4 Nocagions" foi montada somente uma vez, no Rio de Janeiro


GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

"Se há gente interessada em minha obra anterior, melhor, mas não vou expô-la ou ficar repetindo ad infinitum as mesmas coisas; não estou aqui para fazer retrospectivas, como um artista acabado; estou no início de algo maior; quem não entender que se dane; procurem se informar melhor e respeitar idéias e trabalho feito", escreveu Hélio Oiticica em 1971.
Se Lisette Lagnado preferiu se ater ao repertório conceitual do artista na 27ª Bienal, sem expor nenhuma de suas obras, duas galerias paulistanas, a Paulo Kuczynski e a Nara Roesler, apostam na face interativa de Oiticica (1937-1980).
A partir de hoje, dez "Parangolés Capa" criados em 1979 para o Festival de Recife estarão no escritório de Kuczynski. Acostumado a trabalhar com pintores modernistas, o marchand decidiu investir na aquisição destas "capas feitas no corpo", como Oiticica definiu os "Parangolés", uma de suas invenções da década de 60.
Mais do que simplesmente apresentá-los como objetos ou "troféus", a mostra, com montagem da cenógrafa Daniela Thomas, permite vê-los em uso: um vídeo feito no Minhocão esvaziado colocou passistas da Vai-Vai para dançarem com as capas no corpo.
Acompanha a exposição o lançamento de um catálogo concebido por Carlito Carvalhosa, fotografado por Gui Paganini e com texto inédito do crítico britânico Guy Brett: "Buscando inspiração tanto no aristocrático quanto no popular, as "Capas do Parangolé" são, ao mesmo tempo, mantos e farrapos", escreveu.

Convivências
Parceria entre a galeria Nara Roesler e o projeto Hélio Oiticica, a mostra "Penetrável" tem curadoria de César Oiticica, filho do artista. Na sala principal, foi remontada a instalação "Cosmococa CC4 Nocagions", pensada por Oiticica e Neville d'Almeida em 1973. Piscina d'água que recebe projeções de slides, a instalação permite que os visitantes vivenciem "um mergulho na imagem", dialogando com as linguagens do cinema, da fotografia e propondo a participação total do espectador.
"Até hoje o que fizemos há 30 anos me parece precursor. Quando pensamos nas "Cosmococas", a palavra "instalação" ainda não fazia parte do vocabulário. Criávamos algo que não tinha nome", conta Neville.
A galeria mostra ainda uma réplica do "Penetrável" (1961), duas pinturas do período em que Hélio integrou o grupo Frente (1954/156), ampliações fotográficas da série "Nocagions" e cinco de seus "Metaesquemas" (1957).


HÉLIO OITICICA: PARANGOLÉS
Quando: abertura hoje, às 11h; de seg. a sex., das 10h às 18h; sáb., das 10h às 14h; até 11/11
Onde: Paulo Kuczynski Escritório de Arte (al. Lorena, 1661, tel. 0/xx/11/ 3064-5355)
Quanto: entrada franca

HÉLIO OITICICA: PENETRÁVEL
Quando:
abertura quarta, das 10h às 22h; de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 15h; até 18/11
Onde: galeria Nara Roesler (av. Europa, 655, tel. 0/xx/11/3063-2344)
Quanto: entrada franca


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