São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

BNDES investe em cinema para classe C

Operação de R$ 3,7 mi em Sulacap, no Rio, é nova ação do banco, principal financiador do cinema brasileiro

Inauguração de seis salas no complexo Cine 10 no final de semana é primeira fase do projeto Cinema Perto de Você

ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

O Jardim Sulacap, no subúrbio do Rio de Janeiro, integrava, até hoje, a larga estatística dos sem-tela espalhados pelo Brasil. Habitado, sobretudo, por moradores de classe média e média baixa, o bairro nunca atraiu os donos de salas de cinema. O negócio, segundo os empresários, seria inviável.
Pois a partir deste final de semana seis salas funcionarão ali. O complexo Cine 10 é a primeira operação do programa Cinema Perto de Você a ser colocada de pé. É, também, mais uma das pontas da indústria do audiovisual brasileiro na qual o BNDES coloca recursos e carimba seu logo governamental.
Desde que criou o departamento de economia da cultura, em 2006, o banco injetou R$ 142,2 milhões na indústria audiovisual. Apenas no edital de produção de filmes, beneficiou, em 2009, 25 longas.
Somados os recursos distribuídos por concursos públicos -com utilização de incentivo fiscal- e a participação em fundos de investimento, o BNDES já ultrapassa a Petrobras, histórica financiadora do cinema nacional: foram, ao longo de 2009, R$ 31,3 milhões do banco contra R$ 26,6 milhões da petrolífera.

INDÚSTRIA
"Desde 2006, adotamos um enfoque econômico", diz Luciane Gorgulho, chefe do Departamento de Economia da Cultura. "Entendemos que, como banco de desenvolvimento, deveríamos ser mais do que meros patrocinadores. Queremos desenvolver os vários elos da cadeia produtiva."
Explica-se assim a chegada do BNDES ao novo circuito voltado à classe C. O banco entrou na operação, de R$ 3,7 milhões, com recursos próprios, concedendo empréstimos em condições favoráveis aos empresários e também como agente financeiro do Fundo Setorial do Audiovisual.
"Os planos de financiamento nos permitiram cobrar ingressos mais baixos", diz Adhemar Oliveira, um dos sócios. O ingresso mais barato será R$ 2 e o mais caro, na sala 3D, no sábado, R$ 18.
Também tem a ver com a tentativa de fazer a engrenagem da indústria rodar o apoio do BNDES ao Rio Market, a rodada de negócios que acontece dentro do Festival do Rio.
Foi durante o Rio Market que Manoel Rangel, presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine), divulgou, anteontem, os resultados do prêmio adicional de renda, destinado às produtoras que mais se destacaram nas bilheterias ou nos festivais de cinema.
"O BNDES entendeu que o segmento audiovisual tem, além do valor simbólico, um valor econômico", diz Rangel. Dos 15 longas premiados pelo bom desempenho -de acordo com um sistema de pontuação elaborado pela Ancine- oito tiveram algum tipo de recurso do BNDES.
"Nosso foco são filmes com potencial no mercado interno ou externo", diz Gorgulho. "Para isso, nos baseamos nos planos de negócio apresentados pelas empresas produtoras."


A jornalista ANA PAULA SOUSA viajou a convite do Festival do Rio.


Texto Anterior: Raio-X: Ian McEwan
Próximo Texto: Os maiores investidores em cinema em 2009
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.