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BNDES investe em cinema para classe C
Operação de R$ 3,7 mi em Sulacap, no Rio, é nova ação do banco, principal financiador do cinema brasileiro
Inauguração de seis salas no complexo Cine 10 no final de semana é primeira fase do projeto Cinema Perto de Você
ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
O Jardim Sulacap, no subúrbio do Rio de Janeiro, integrava, até hoje, a larga estatística dos sem-tela espalhados pelo Brasil.
Habitado, sobretudo, por
moradores de classe média e
média baixa, o bairro nunca
atraiu os donos de salas de cinema. O negócio, segundo os
empresários, seria inviável.
Pois a partir deste final de
semana seis salas funcionarão ali. O complexo Cine 10 é
a primeira operação do programa Cinema Perto de Você
a ser colocada de pé. É, também, mais uma das pontas
da indústria do audiovisual
brasileiro na qual o BNDES
coloca recursos e carimba
seu logo governamental.
Desde que criou o departamento de economia da cultura, em 2006, o banco injetou
R$ 142,2 milhões na indústria
audiovisual. Apenas no edital de produção de filmes, beneficiou, em 2009, 25 longas.
Somados os recursos distribuídos por concursos públicos -com utilização de incentivo fiscal- e a participação em fundos de investimento, o BNDES já ultrapassa a Petrobras, histórica financiadora do cinema nacional: foram, ao longo de 2009,
R$ 31,3 milhões do banco
contra R$ 26,6 milhões da
petrolífera.
INDÚSTRIA
"Desde 2006, adotamos
um enfoque econômico", diz
Luciane Gorgulho, chefe do
Departamento de Economia
da Cultura. "Entendemos
que, como banco de desenvolvimento, deveríamos ser
mais do que meros patrocinadores. Queremos desenvolver os vários elos da cadeia produtiva."
Explica-se assim a chegada do BNDES ao novo circuito voltado à classe C.
O banco entrou na operação, de R$ 3,7 milhões, com
recursos próprios, concedendo empréstimos em condições favoráveis aos empresários e também como agente
financeiro do Fundo Setorial
do Audiovisual.
"Os planos de financiamento nos permitiram cobrar
ingressos mais baixos", diz
Adhemar Oliveira, um dos
sócios. O ingresso mais barato será R$ 2 e o mais caro, na
sala 3D, no sábado, R$ 18.
Também tem a ver com a
tentativa de fazer a engrenagem da indústria rodar o
apoio do BNDES ao Rio Market, a rodada de negócios
que acontece dentro do Festival do Rio.
Foi durante o Rio Market
que Manoel Rangel, presidente da Agência Nacional
do Cinema (Ancine), divulgou, anteontem, os resultados do prêmio adicional de
renda, destinado às produtoras que mais se destacaram
nas bilheterias ou nos festivais de cinema.
"O BNDES entendeu que o
segmento audiovisual tem,
além do valor simbólico, um
valor econômico", diz Rangel. Dos 15 longas premiados
pelo bom desempenho -de
acordo com um sistema de
pontuação elaborado pela
Ancine- oito tiveram algum
tipo de recurso do BNDES.
"Nosso foco são filmes
com potencial no mercado
interno ou externo", diz Gorgulho. "Para isso, nos baseamos nos planos de negócio
apresentados pelas empresas produtoras."
A jornalista ANA PAULA SOUSA viajou a
convite do Festival do Rio.
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