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Festival de San Sebastián termina sob crise financeira e críticas
Cortes de verba debilitaram mostra, que destacou latinos e catalães
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM SAN
SEBASTIÁN
Os escassos aplausos e a
meia dúzia de vaias que se
seguiram ao anúncio do vencedor do 58º Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, que terminou sábado passado, na Espanha, traduziram o clima de apatia da
mostra, sugada pela crise
econômica que vive o país.
Nem o enredo do premiado "Neds", de Peter Mullan,
nem a homenagem a Julia
Roberts, recurso para atrair
holofotes, evitaram que a
mostra fosse avaliada como
"medíocre", pelo jornal espanhol "El Mundo", "sem
personalidade", pelo diretor
do Instituto de Cinematografia e Artes Audiovisuais da
Espanha, Ignasi Guardans, e
"deprimente", pelo crítico
espanhol Carlos Boyero em
artigo no "El País".
As críticas são consequência direta dos cortes, que já
enxugaram em cerca de 15%
o orçamento. Para o ano que
vem, o governo ainda não garantiu nem os 6 milhões
(R$ 13,8 mi) que custou a edição 2010 -a metade do orçamento do Festival de Veneza.
"San Sebastián tem que se
repensar para voltar à rota
dos grandes", diz Guardans.
Na autoavaliação, diz, deve-se incluir a identidade da
mostra, que traz produções
de várias regiões e estilos.
"Acho um mérito, é um festival que tem multiplicidade
de olhares, inclusive no júri",
diz a peruana Claudia Llosa,
membro do júri, à Folha.
Neste ano, essa multiplicidade foi marcada por produções latinas e da região da
Catalunha, que mostrou filmes em catalão, como "Pa
Negre", de Agustín Villaronga, e "Elisa K", de Judith Cadena, ambos premiados.
Do nicho latino, ganhou o
mexicano Diego Luna, por
"Abel", coproduzido por
Gael García Bernal e um dos
poucos elogiados pela crítica
espanhola, acostumada a
condenar o júri por tropeços
como a rejeição, no ano passado, do argentino "O Segredo de Seus Olhos", que levou
o Oscar de filme estrangeiro.
"Estamos preparados para
disparates", afirma Boyero.
O português "Mistérios de
Lisboa", que irá à próxima
Mostra de Cinema de São
Paulo, garantiu a Raúl Ruiz o
prêmio de melhor diretor.
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