São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2010

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Festival de San Sebastián termina sob crise financeira e críticas

Cortes de verba debilitaram mostra, que destacou latinos e catalães

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM SAN SEBASTIÁN

Os escassos aplausos e a meia dúzia de vaias que se seguiram ao anúncio do vencedor do 58º Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, que terminou sábado passado, na Espanha, traduziram o clima de apatia da mostra, sugada pela crise econômica que vive o país.
Nem o enredo do premiado "Neds", de Peter Mullan, nem a homenagem a Julia Roberts, recurso para atrair holofotes, evitaram que a mostra fosse avaliada como "medíocre", pelo jornal espanhol "El Mundo", "sem personalidade", pelo diretor do Instituto de Cinematografia e Artes Audiovisuais da Espanha, Ignasi Guardans, e "deprimente", pelo crítico espanhol Carlos Boyero em artigo no "El País".
As críticas são consequência direta dos cortes, que já enxugaram em cerca de 15% o orçamento. Para o ano que vem, o governo ainda não garantiu nem os 6 milhões (R$ 13,8 mi) que custou a edição 2010 -a metade do orçamento do Festival de Veneza.
"San Sebastián tem que se repensar para voltar à rota dos grandes", diz Guardans.
Na autoavaliação, diz, deve-se incluir a identidade da mostra, que traz produções de várias regiões e estilos. "Acho um mérito, é um festival que tem multiplicidade de olhares, inclusive no júri", diz a peruana Claudia Llosa, membro do júri, à Folha.
Neste ano, essa multiplicidade foi marcada por produções latinas e da região da Catalunha, que mostrou filmes em catalão, como "Pa Negre", de Agustín Villaronga, e "Elisa K", de Judith Cadena, ambos premiados.
Do nicho latino, ganhou o mexicano Diego Luna, por "Abel", coproduzido por Gael García Bernal e um dos poucos elogiados pela crítica espanhola, acostumada a condenar o júri por tropeços como a rejeição, no ano passado, do argentino "O Segredo de Seus Olhos", que levou o Oscar de filme estrangeiro. "Estamos preparados para disparates", afirma Boyero.
O português "Mistérios de Lisboa", que irá à próxima Mostra de Cinema de São Paulo, garantiu a Raúl Ruiz o prêmio de melhor diretor.


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