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ANÁLISE
Estilo privilegia o imediato
NELSON DE SÁ
da Reportagem Local
Até os anos 80, as três grandes redes americanas (CBS, ABC e NBC)
viviam nas graças do monopólio
virtual. Eram ainda controladas
pelos fundadores William Paley,
David Sarnoff e Leonard Goldenson, respectivamente.
Em 85, as três foram tomadas por
corporações: Loews Corp., Capital
Cities e GE, respectivamente. Depois, corporações ainda maiores
levariam a CBS (Westinghouse) e a
ABC (Disney).
Não havia mais lugar para a gerência personalista e romântica na
TV aberta: ou se modernizava ou
perdia o resto de audiência e faturamento para a TV a cabo.
Desde então, as três redes se recuperaram e outras três surgiram,
todas de corporações.
²
Monopólios
É difícil crer que o mesmo ocorra
no Brasil, onde gestões personalistas se cristalizaram com os "monopólios" do primeiro lugar, do segundo, do terceiro etc.
Para instaurar concorrência real,
para o bem do mercado publicitário e até da democracia, seria preciso abrir a TV aberta ao capital estrangeiro, a corporações como
Sony e Televisa. Seria preciso mudar a Constituição.
Embora a família Marinho e Silvio Santos se digam favoráveis,
uma emenda constitucional caminha devagar no Congresso, batendo em obstáculos indecifráveis. E a
lei segue dizendo que TV aberta
não é para pessoa jurídica nem para capital estrangeiro.
Em suma, é para os mesmos que
receberam as principais concessões públicas e seguem fazendo
com elas o que bem entendem.
Silvio Santos recebeu há duas décadas o que era a TV Tupi. Para
quem se espanta com a gerência
errática do SBT, vale lembrar que
sempre foi assim. O programador
sempre privilegiou o imediato
-cortando programas recém-lançados e demitindo às centenas, como em 91- e o popularesco.
Desde "O Povo na TV" nos anos
80, que marcou pela morte de um
bebê no estúdio, até o "Aqui Agora" nos anos 90, com um suicídio
em tempo real, chegando à programação presente. Não é uma rede
de TV, mas um circo.
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