São Paulo, quarta, 30 de setembro de 1998

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ANÁLISE
Estilo privilegia o imediato

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Até os anos 80, as três grandes redes americanas (CBS, ABC e NBC) viviam nas graças do monopólio virtual. Eram ainda controladas pelos fundadores William Paley, David Sarnoff e Leonard Goldenson, respectivamente.
Em 85, as três foram tomadas por corporações: Loews Corp., Capital Cities e GE, respectivamente. Depois, corporações ainda maiores levariam a CBS (Westinghouse) e a ABC (Disney).
Não havia mais lugar para a gerência personalista e romântica na TV aberta: ou se modernizava ou perdia o resto de audiência e faturamento para a TV a cabo.
Desde então, as três redes se recuperaram e outras três surgiram, todas de corporações.
²
Monopólios
É difícil crer que o mesmo ocorra no Brasil, onde gestões personalistas se cristalizaram com os "monopólios" do primeiro lugar, do segundo, do terceiro etc.
Para instaurar concorrência real, para o bem do mercado publicitário e até da democracia, seria preciso abrir a TV aberta ao capital estrangeiro, a corporações como Sony e Televisa. Seria preciso mudar a Constituição.
Embora a família Marinho e Silvio Santos se digam favoráveis, uma emenda constitucional caminha devagar no Congresso, batendo em obstáculos indecifráveis. E a lei segue dizendo que TV aberta não é para pessoa jurídica nem para capital estrangeiro.
Em suma, é para os mesmos que receberam as principais concessões públicas e seguem fazendo com elas o que bem entendem.
Silvio Santos recebeu há duas décadas o que era a TV Tupi. Para quem se espanta com a gerência errática do SBT, vale lembrar que sempre foi assim. O programador sempre privilegiou o imediato -cortando programas recém-lançados e demitindo às centenas, como em 91- e o popularesco.
Desde "O Povo na TV" nos anos 80, que marcou pela morte de um bebê no estúdio, até o "Aqui Agora" nos anos 90, com um suicídio em tempo real, chegando à programação presente. Não é uma rede de TV, mas um circo.



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