São Paulo, quarta, 30 de setembro de 1998

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MEGAEXPOSIÇÃO
A última feira mundial deste século, realizada em Lisboa, recebeu mais portugueses do que estrangeiros
Expo termina com público abaixo do esperado

BRUNO GARCEZ
da Reportagem Local

A Expo 98, a última feira mundial deste século, termina hoje sem ter alcançado o público inicialmente previsto por seus organizadores.
Realizada em Lisboa, Portugal, a Expo teve início no dia 22 de maio. O evento celebrou os 500 anos da viagem do navegador Vasco da Gama às Índias e teve como tema central a relação entre os homens e os oceanos e o papel desempenhado pelos oceanos ao longo da história e nas próximas décadas.
Inicialmente, os organizadores da Expo 98 pretendiam reunir de 15 a 16 milhões de visitantes para ver as mais de 5.000 atrações programadas durante os 132 dias de duração do evento.
Até a última segunda, cerca de 9,5 milhões de pessoas haviam comparecido à exposição.
De acordo com a assessoria do evento, não ter alcançado a meta inicial de público não representou um insucesso.
A assessoria afirma que, quando foi feita a estimativa inicial de público, não foi levada em conta a entrada de menores de cinco anos de idade, que não pagam ingresso, nem a de pessoas que adquiriram entrada para dois dias da exposição, mas que só foram a um.
A visitação à Expo se intensificou a partir de setembro. No sábado passado, a feira registrou seu recorde de público, com a entrada de 177.370 pessoas.
A média de visitas em setembro esteve acima de 170 mil pessoas por dia. Enquanto que, nos meses de maio e junho, o evento reuniu cerca de 40 mil visitas diárias.
Devido a esse maior afluxo, a assessoria calcula que até hoje o evento poderá fechar com cerca de 12 milhões de visitas.
Além do público inferior ao esperado, a feira sofreu outro revés. O escândalo que aconteceu no mês passado, quando o diretor financeiro da Expo, João Caldeira, foi preso em Lisboa sob a acusação de desviar US$ 5 milhões da Expo.
A fraude foi descoberta por uma equipe de auditores e resultou no afastamento de três outros funcionários.
Além de procurar atrair investimentos estrangeiros, a feira tinha como um de seus principais objetivos incrementar a indústria turística de Portugal.
No entanto, cerca de 76% dos visitantes que compareceram à Expo foram portugueses.
Os turistas brasileiros foram o 5º maior público entre os estrangeiros. À sua frente, estiveram os espanhóis, os belgas, os franceses e os alemães. A área internacional da feira reuniu 155 países. Cada país tinha um pavilhão próprio, em que eram exibidos filmes, peças teatrais, shows musicais e espetáculos de dança.
O pavilhão brasileiro foi um dos mais visitados da exposição, com cerca de 16 mil pessoas por dia.
Até hoje, era esperado que a área de mais de 1.200 metros quadrados destinada ao Brasil -um dos maiores pavilhões estrangeiros- totalizasse 1,8 milhão de visitas.
Segundo o arquiteto Carlos Dias, responsável pelo projeto do pavilhão brasileiro, o espaço procurou sintetizar a história do país, dividindo-a em quatro fases: "pré-modernidade", "deslumbramento", "expansão" e "diversidade".
Em "deslumbramento", foram exibidas imagens que falassem sobre as belezas do país. No local, foi montado um gigantesco painel fotográfico retratando a baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, e foram exibidos textos de navegadores portugueses.
O segmento "diversidade", por sua vez, trazia fotomontagens que exibiam imagens de indígenas e da produção naval agrícola e industrial do Brasil.
A Expo sediou shows de Skunk, Gabriel o Pensador, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Maria Bethânia e Antonio Nóbrega e uma apresentação de dança com o grupo Corpo. O cantor Caetano Veloso, que se apresentou em julho, foi assistido por cerca de 35 mil pessoas.



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