São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2000

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BARBARA GANCIA

Quem vai criar uma ratoeira para o Ratinho?

Você, que é leitor de jornal, pode não ter se dado conta, mas, na semana passada, um assunto dominou as conversas nos ônibus, nas padarias e em todos os locais onde o SBT é mais assistido: o vídeo, exibido no programa do Ratinho, mostrando uma menina de três anos sendo barbaramente torturada.
Para quem ainda não sabe da história, o líder de uma quadrilha especializada em roubo de avião e carro-forte torturou por vingança, diante de uma câmera, a filha de um comparsa que o teria entregue à polícia.
O criminoso aparece chutando a menina, socando sua cabeça, arremessando-a contra a parede, pisando em sua barriga e até forçando-a a ingerir as próprias fezes.
Conversei com pessoas que assistiram ao programa. Depois de ver as cenas de tortura, todas tiveram dificuldades para dormir, enjôo ou crises de choro.
Antes de exibir as imagens, Ratinho alertou aos pais que retirassem crianças da frente da TV, dizendo que aquelas seriam as cenas "mais violentas exibidas na TV brasileira".
Não dá para entender o que o ministro da Justiça ainda espera ver o sr. Carlos Massa aprontar para tomar alguma providência que doa no bolso do irresponsável apresentador.
Se não existe algum tipo de penalidade para quem expõe uma menina de três anos à violação de sua dignidade na frente das câmeras, o ministro que trate de inventar uma.
E já que o senhor Gregori vai ter de botar a mão no Massa, digo, na massa, que tal criar alguma maneira de proteger o telespectador que deseja fazer seu "zapping" sem correr o risco de dar de cara com um "snuff movie" (filmes que mostram cenas reais de tortura e morte)?
Há alguns anos, em uma coletiva de imprensa, um deputado norte-americano tirou do bolso uma arma, enfiou o cano na boca e puxou o gatilho.
Se bem me lembro, nenhuma TV exibiu a cena até o final. Ratinho não existia na época. Mas, caso o fato ocorresse hoje, sabemos onde os telespectadores com atração pelo mórbido poderiam ver o suicídio na íntegra, não sabemos?
 
Minha amiga glutona, XL Bündchen, que só faz comer, ver TV e fofocar sobre artistas, me contou que Leonor Corrêa, irmã do Faustão e diretora do novo programa de Adriane Galisteu, "É Show", que estréia hoje, na Record, acaba de descobrir que está esperando um filho do namorado. Sabe onde ela o conheceu? Em uma sala de bate-papo na Internet. Moderna, não? A XL Bündchen, que eu saiba, conheceu o cacho dela na fila do orelhão.


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