São Paulo, terça-feira, 30 de outubro de 2001

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NET CETERA

O homem que registrou o WTC

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

www.attackamerica.com; www.horrorinamerica.com; www.pearlharborinmanhattan.com; www.terrorattack2001.com; www.worldtradecenterbombs.com. Esses são alguns dos sites que foram registrados meses antes do ataque terrorista de 11 de setembro.
Todos venceram sem que seus donos colocassem algo no ar. Antes de demonstrarem uma conspiração, são apenas coincidências, das que acontecem todos os dias no mundo da informática.
Claro que alguns oportunistas tentaram virar donos de nomes relativos ao atentado depois do ocorrido. Uns conseguiram, colocaram o site à venda, mas foram recusados pelas páginas de leilões eletrônicos. Outros foram recusados pelo próprio órgão registrador, como o que queria ser dono do www.nycarnage.com (carnificina de Nova York).
Nenhum deles, no entanto, superou o "senso de oportunidade" do restaurateur Michael Heiden, de Nova Jersey. Às 14h40 do próprio dia 11, menos de seis horas depois de o primeiro avião ter atingido a torre norte do complexo de prédios, ele registrou o nome "World Trade Center" para sites, filmes e produções de TV.
Ao site The Smoking Gun (www.thesmokinggun.com), Heiden disse então que estava "tentando desesperadamente entrar no mundo do cinema", mas que "doaria à caridade parte dos lucros" que obtivesse com uma eventual produção.
Justificou sua iniciativa falando que é uma prática comum no mundo do entretenimento, citando como exemplo os produtores de "Pearl Harbor", que também registraram o nome.
"Não estou tentando capitalizar em cima da tragédia dos outros", disse. Além disso, afirmou ao site, ele havia registrado "Dog Cinema", que pretende ser uma comédia "leve e divertida" sobre animais e seus donos.
Isso foi então. Agora tudo mudou. Procurado pela Folha, o restaurateur, que criou o famoso Tantra de Miami, na Flórida, tem outro discurso: "Minha mulher e eu registramos o nome para evitar que Hollywood ganhasse dinheiro com a horrível tragédia".
"Quisemos garantir que qualquer lucro que seja ganho com o nome World Trade Center seja doado à (entidade beneficente) Blue Cross, de maneira que as pessoas que realmente precisam de ajuda recebam o dinheiro." Segundo Heiden, "não queremos um centavo"...

sergiodavila@uol.com.br

www.uol.com.br/sergiodavila



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