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25ª MOSTRA BR DE CINEMA DE SÃO PAULO
SUSPENSE
Filme do cineasta canadense Gian d'Ornellas, que aborda o tema do terrorismo, tem exibição hoje no evento
Medos ressoam na história em "Eco"
SYLVIA COLOMBO
EDITORA-ADJUNTA DA ILUSTRADA
Dois trens de passageiros explodem em momentos diferentes do
século 20. O primeiro vai aos ares
em 1944, em Toulouse, ainda durante o período em que a França
estava ocupada pelos nazistas.
Deixa umas tantas vítimas e uma
dúvida. A bomba teria sido colocada pelos colaboracionistas ou
por membros da resistência?
O segundo atentado tem lugar
em Paris, em 2000, e logo desconfia-se da ação de grupos extremistas de direita, que teriam como alvo negros e imigrantes.
Em "Eco", exibido hoje na Mostra, o cineasta canadense Gian
d'Ornellas estabelece uma ponte
entre as duas tragédias e utiliza a
narrativa de um thriller de espionagem para mostrar como o passado deixa sequelas no presente.
A lente de Ornellas, porém, não
procura um encadeamento de fatos políticos que explique os dois
eventos. O que busca é um elo
sentimental entre os personagens
ao longo do tempo. "Parti de uma
rede de pessoas ligadas por determinadas emoções no presente para investigar como isso é o reflexo
de uma outra rede, semelhante,
fincada no passado", disse o diretor à Folha, em São Paulo, por onde passou para assistir à estréia
mundial de seu filme, na Mostra.
A ação de "Eco" principia em
Quebec, no ano de 2016. Uma jovem ouve, pela primeira vez, a
verdadeira história de sua mãe.
Descobre que ela havia se envolvido com um misterioso agente secreto, no passado. Também lhe é
revelado que o tio não tinha morrido num acidente, como até então acreditava, e sim no atentado
de Paris, no ano 2000.
Quem lhe faz essas revelações é
uma velha senhora, que, por sua
vez, traz dolorosas lembranças do
atentado de Toulouse e um secreto caso de amor com um homem,
por quem procurou obstinadamente no fim de sua vida. Desoladamente, acabara descobrindo
que ele era um colaboracionista
dos nazistas.
O filme é composto de revelações que o passado faz ao presente
por meio de lembranças relatadas
ou de remorsos, culpas e rancores
que vêm à tona. "A história é uma
abordagem mítica sobre o tempo,
sobre como o passado ecoa no
presente", diz Ornellas. "É uma
história sobre a incompreensão
humana, pois o processo que
transforma o presente em passado é o de contar histórias de um
ponto de vista pessoal."
O terrorismo foi escolhido por
permitir abordar o tema do medo. "O terror atravessa gerações,
deixa sequelas mais longas do que
uma vida humana e ajuda a entender como diferentes sociedades respondem ao medo coletivamente. Tragédias como essas não
acabam, seguirão reverberando
na psique da humanidade."
ECO - Echo. Direção: Gian d'Ornellas.
Produção: Canadá, 2001. Quando: hoje,
às 19h20, na Sala Cinemateca.
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