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Teatro da BA tem público, mas pouco espaço na mídia
Avaliação é de grupos que participam do 1º Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia
Para atores e diretores, há incentivo à produção, mas falta reflexão crítica; necessidade de legitimação pelo eixo Rio-SP é entrave
DO ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR
No circuito teatral de Salvador, uma das três sedes do 1º
Festival Internacional de Artes
Cênicas da Bahia (que vai até
amanhã), há renovação de público e os incentivos à produção
seguem curva ascendente, mas
falta reflexão crítica e espaço
na mídia local -e parte da opinião pública ainda espera a legitimação das montagens pelo
eixo Rio-São Paulo.
O panorama é traçado por
membros de companhias proeminentes que participaram da
mostra: Bando de Teatro Olodum, Dimenti e Rapsódia.
O ator e diretor Jorge Alencar, do grupo Dimenti, diz que a
diversificação dos mecanismos
de fomento (que passaram a
contemplar, além de montagens, projetos de manutenção
de coletivos, intercâmbio, circulação etc.) tem dado às companhias a chance de manter ativos seus repertórios. "Isso aumenta o poder de comercialização da obra. Você tem vários espetáculos à mão, que podem
voltar e gerar renda."
A conseqüência natural é
surgirem platéias fiéis. Mas
restam alguns passos a dar, avalia a atriz Lia Lordelo, também
do Dimenti: "Ainda ficamos em
temporadas curtas. Muitas vezes, não dá tempo de o crítico ir,
assistir, escrever a resenha, publicar e isso surtir efeito [em
termos de público]. A produção
crítica fica restrita à internet".
"Críticos viraram estrelas"
Pisit Mota, ator da cia. Rapsódia, brinca que "os críticos na
Bahia foram ao cosmos, viraram estrelas [referência ao
símbolo usado para informar
cotações de espetáculos]".
Marcio Meirelles, diretor do
Bando, acha que falta "levantar
discussões".
Para Bira Fretas, também da
Rapsódia, um dos entraves à
produção é o alto valor dos aluguéis dos teatros. "É preciso, às
vezes, entrar em editais para
poder voltar ao cartaz."
Há também certa desconfiança da parte de investidores
privados e algumas fatias de
público -que ficam à espera da
ratificação das peças por crítica
e público de Rio e SP:
"O eixo ainda é um espaço de
legitimação muito forte. Fico
pensando que devemos entrar,
sim, nesse espaço para afirmar
nossa existência, mas também
me preocupo em não fortalecê-lo como o ponto mais forte de
legitimação. Isso tem de se deslocar", diz Alencar.
(LUCAS NEVES)
O jornalista LUCAS NEVES viajou a convite do
Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia
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