São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2008

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Teatro da BA tem público, mas pouco espaço na mídia

Avaliação é de grupos que participam do 1º Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia

Para atores e diretores, há incentivo à produção, mas falta reflexão crítica; necessidade de legitimação pelo eixo Rio-SP é entrave


DO ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

No circuito teatral de Salvador, uma das três sedes do 1º Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (que vai até amanhã), há renovação de público e os incentivos à produção seguem curva ascendente, mas falta reflexão crítica e espaço na mídia local -e parte da opinião pública ainda espera a legitimação das montagens pelo eixo Rio-São Paulo.
O panorama é traçado por membros de companhias proeminentes que participaram da mostra: Bando de Teatro Olodum, Dimenti e Rapsódia.
O ator e diretor Jorge Alencar, do grupo Dimenti, diz que a diversificação dos mecanismos de fomento (que passaram a contemplar, além de montagens, projetos de manutenção de coletivos, intercâmbio, circulação etc.) tem dado às companhias a chance de manter ativos seus repertórios. "Isso aumenta o poder de comercialização da obra. Você tem vários espetáculos à mão, que podem voltar e gerar renda." A conseqüência natural é surgirem platéias fiéis. Mas restam alguns passos a dar, avalia a atriz Lia Lordelo, também do Dimenti: "Ainda ficamos em temporadas curtas. Muitas vezes, não dá tempo de o crítico ir, assistir, escrever a resenha, publicar e isso surtir efeito [em termos de público]. A produção crítica fica restrita à internet".

"Críticos viraram estrelas"
Pisit Mota, ator da cia. Rapsódia, brinca que "os críticos na Bahia foram ao cosmos, viraram estrelas [referência ao símbolo usado para informar cotações de espetáculos]".
Marcio Meirelles, diretor do Bando, acha que falta "levantar discussões".
Para Bira Fretas, também da Rapsódia, um dos entraves à produção é o alto valor dos aluguéis dos teatros. "É preciso, às vezes, entrar em editais para poder voltar ao cartaz."
Há também certa desconfiança da parte de investidores privados e algumas fatias de público -que ficam à espera da ratificação das peças por crítica e público de Rio e SP: "O eixo ainda é um espaço de legitimação muito forte. Fico pensando que devemos entrar, sim, nesse espaço para afirmar nossa existência, mas também me preocupo em não fortalecê-lo como o ponto mais forte de legitimação. Isso tem de se deslocar", diz Alencar.
(LUCAS NEVES)

O jornalista LUCAS NEVES viajou a convite do Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia



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