|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
franguinho da fartura
Típico em cidades da Serra Gaúcha, galeto é uma opção de refeição barata e farta que tem conquistado espaço em restaurantes paulistanos
JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um franguinho novo, assado
geralmente na brasa e quase
sempre escoltado por uma infinidade de acompanhamentos
tem conquistado espaço em
São Paulo nos últimos meses.
Ícone culinário das cidades
da Serra Gaúcha, o galeto é uma
opção de refeição simples, mas
muito farta e acessível. O preço
médio não passa dos R$ 30.
Foi do Sul que veio a inspiração para uma das últimas galeterias abertas por aqui, a Gallo i
Vino. Com a proposta de ser um
pedacinho da Serra Gaúcha na
capital paulista, a casa "importou" um churrasqueiro de Passo Fundo -e todo o seu know-how no preparo de galetos- e
boa parte dos garçons.
Apesar de ser a figura central
do restaurante, o galeto vira
quase um figurante, tamanha a
oferta de pratos que o acompanham. Paga-se um valor fixo
(leia nesta página) e vem à mesa uma seqüência de pratos: polenta frita, almofadinha de
queijo, almeirão com bacon,
massas, costelinha suína, salada de batata, perdiz ao vinho...
"É uma fartura. Na minha família era assim e em muitas casas gaúchas também", diz Rafael Brkanitch, o churrasqueiro
trazido de Passo Fundo.
Brkanitch aprendeu a fazer
galeto com o pai, por hobby,
apenas para a família e os amigos. A atividade só virou profissão neste ano, quando foi convidado por conterrâneos a vir a
São Paulo cuidar do Gallo i Vino. "O tempero é o diferencial,
mas também contam as horas
em que o galeto fica marinando
e o modo de assar. Você tem de
assar o galeto para deixá-lo no
ponto certo, não para se livrar
dele", brinca Brkanitch.
"O certo é começar na parte
superior da churrasqueira. Se
colocar embaixo, queima por
fora e fica cru por dentro."
Tudo o que o churrasqueiro
aceita contar sobre seu galeto é
que ele fica "24 horas de molho
em temperos como alho, manjericão, sal e vinho branco" antes de ir para a brasa. O franguinho chega à mesa destrinchado
e "polvilhado" com queijo ralado -se a intenção for sentir o
gosto da carne, o melhor é pedir
para não colocarem o queijo.
Primo canto
Abatido com pouco mais de
um mês, o galeto, ou primo canto, como é conhecido no Sul o
frango-de-leite, tem a carne
mais tenra e absorve mais tempero, dizem os entrevistados.
"Quando falamos em galeto,
estamos nos referindo ao primo canto, um galeto abatido
ainda pequeno, com cerca de
30 dias. Mas o termo galeto se
desdobrou e passou a ser usado
para frango assado. Por isso, alguns falam ao primo canto, para deixar claro que é o frango
pequeno, abatido novo", diz
Gustavo Ruffato, professor do
Senac de Caxias do Sul. "A textura da carne do primo canto é
diferente, mais suculenta. Mas,
se não houver cuidado na cocção, seca com mais facilidade."
No recém-aberto Anita, o galeto não é a única opção do cardápio. Mas é o primeiro a arrebatar a atenção, já que fica assando do lado de fora, numa
"televisão de cachorro". Há
duas opções: o galeto normal
(franguinho abatido novo), para uma pessoa, e o caipira
(maior que o galeto), para duas.
Tanto um quanto o outro
marinam do dia para a noite em
alho confitado, azeite, sal grosso, pimenta-do-reino, alecrim e
suco de laranja. São servidos
com farofa, vinagrete de tomate verde e batatas bolinha preparadas dentro da "televisão",
de maneira a sorver o sabor da
gordurinha do frango que fica
pingando sobre elas. Há opções
de acompanhamento extra, cobrados à parte, como a gostosa
cebola anita, assada com tomilho-limão e pimenta-do-reino.
"Estamos vendendo cada vez
mais o galeto. A "TV" fica na
porta do restaurante, todo
mundo pára para olhar", diz a
chef Fabiana Caffaro. "Sempre
gostei de galeto e da "televisão
de cachorro". Queria servir uma
comida que todo mundo conhece e já comeu, mas com
uma apresentação melhor."
Texto Anterior: Josimar Melo Próximo Texto: Por que comer galeto Índice
|