São Paulo, sexta, 30 de outubro de 1998

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CINEMA
Distribuidores e produtores divergem sobre medida de Weffort
Mercado brasileiro se divide sobre taxar filmes estrangeiros

da Reportagem Local

A decisão anunciada pelo ministro da Cultura, Francisco Weffort, de taxar a exibição de filmes estrangeiros como forma de incentivar a produção nacional foi criticada por distribuidores, mas saudada por produtores de cinema.
Weffort anunciou em Brasília, na segunda-feira, que pretende taxar o "lixo internacional", ou seja, os filmes, que, segundo ele, só são exibidos no Brasil porque foram importados como contrapeso em pacotes que têm à frente um filme de grande bilheteria.
Weffort afirma que estão sendo importados filmes que não têm mercado, mas que acabam tirando o espaço dos filmes nacionais.
"Não existe importação descontrolada. O Brasil recebe, no máximo, 250 filmes por ano, o suficiente para abastecer o mercado", diz Jorge Pelegrino, presidente do Sindicato dos Distribuidores Brasileiros e vice-presidente para a América Latina da distribuidora UIP.
A idéia estudada pelo Ministério da Cultura é que, a partir de certa quantidade de filmes estrangeiros comprados, a taxa por produto excedente seja tão alta que desestimule a importação sem critérios.
"Vamos acabar não podendo trazer mais filmes alternativos. "Mais e Melhores Blues' (de Spike Lee) e "O Apóstolo' (de Robert Duvall) foram filmes que tiveram menos de 10 mil espectadores no país, mas que trouxemos porque eram obras de qualidade, que contribuem para a diversidade do mercado", diz Jorge Pelegrino. De acordo com Rodrigo Saturnino, gerente-geral da distribuidora Columbia Tristar, distribuidor não é obrigado a comprar filmes de má qualidade. "Deixamos de lançar no cinema até 20 filmes porque eles não se pagam. Alguns dos que adquirimos -como "Nil by Mouth' (de Gary Oldman)- já são lançados direto em vídeo."
Segundo a produtora Lucy Barreto, de "O Que É Isso, Companheiro", de Bruno Barreto, e "O Quatrilho", de Fábio Barreto, a medida é necessária, uma vez que os filmes nacionais não conseguem ficar muito tempo em cartaz, devido à falta de salas de exibição. "Companheiro' teve de sair de cartaz porque sua distribuidora, a Columbia, já havia assumido compromisso com filmes estrangeiros", afirma Luci.
"Se ela disse isso, está mentindo. "Companheiro' foi retirado de cartaz porque não obteve público suficiente", diz Saturnino. "Companheiro" foi assistido por 313 mil pessoas. "Central do Brasil", de Walter Salles, foi visto por cerca de 1,5 milhão de pessoas. (BG)



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