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MÚSICA
"Eu Sou Todos Nós' é composto por canções feitas nos últimos dois anos
Zé Ramalho volta em inéditas
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
enviado especial ao Rio
O paraibano Zé Ramalho, 49,
reata o nó em "Eu Sou Todos Nós".
Seu novo CD retoma o veio explorado em "Cidades & Lendas" (96,
50 mil cópias vendidas) de canções
em geral inéditas, que havia sido
interrompido pelo estrondo de
"Antologia Acústica" (97, 500 mil
cópias), todo feito de regravações.
"Cidades & Lendas' marcou o
início de uma nova etapa na minha
vida, foi uma recuperação. Eu tinha sido quase apagado, ia sair pela porta dos fundos", afirma, referindo-se a meados dos 80, quando
enfrentava o consumo pesado de
drogas e uma acusação de plágio.
"Aquele disco foi produzido por
mim, independentemente. A BMG
pegou como uma isca, um boi de
piranha. Soltou 10 mil cópias para
ver se funcionava", relata.
Após o "boi de piranha", o caminho se abriu com "O Grande Encontro" (96, 500 mil cópias), a reunião de Zé com Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Elba Ramalho.
O sucesso do projeto, também de
releituras, permitiu que em seguida Zé revisasse a própria obra,
àquela altura semi-esquecida.
O desafio, agora, é segurar a onda
de revalorização num CD de canções compostas nos últimos dois
anos. "É a trilha sonora da minha
vida neste momento", diz.
"Pela gravadora, eu certamente
faria "Antologia 2', mas a sequência
natural para mim era um disco de
inéditas", continua. As cifras de
vendas -talvez surpreendentes
para a BMG- credenciaram Zé a
fazer certas exigências contratuais.
"Fiz questão de definir tudo no
contrato, três obras fechadas, todas já definidas: essa que está saindo, o duplo "Nação Nordestina' e
"Zé Ramalho Canta Raul Seixas'."
A gravadora queria que o último
fosse o primeiro, mas parece que
Zé anda mesmo com cacife. E, soltando "Eu Sou Todos Nós", já se
entusiasma com seu sucessor.
"Nação Nordestina' será essencialmente político. É uma seleção
de autores do Nordeste, de Luiz
Gonzaga e Jackson do Pandeiro até
nomes desconhecidos, falando da
condição do nordestino. Estou
montando o repertório, é uma
configuração assustadora. Vai incomodar", prevê.
Há política também no CD
"Sem-Terra". "Hoje é fora de moda, mas, se eu fizesse no tempo dos
militares seria preso e torturado
até a alma. Usei a estrutura da canção de protesto, dos festivais. É um
diálogo com "Caminhando', de Geraldo Vandré."
Zé aproveita para desnudar admiração e proximidade (in) esperadas de Vandré -afastado da mídia desde episódios de suposta tortura durante o regime militar.
²
O jornalista
Pedro Alexandre Sanches viajou a
convite da gravadora BMG
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