São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 2006

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Bourgeois vê "ordem no caos" em obra de Bispo

DA REPORTAGEM LOCAL

Aos 95 anos, Louise Bourgeois é uma das figuras mais prestigiadas da arte contemporânea. Sua obra, com forte caráter biográfico, aborda conflitos familiares, particularmente o machismo de seu pai. Convidada por Paulo Herkenhoff, um de seus amigos mais próximos, a artista escreveu o prefácio do livro sobre a obra de Arthur Bispo do Rosário. Leia a íntegra a seguir:
"Minha mãe era tapeceira e restauradora e, por isso, eu cresci em volta da magia da agulha e da linha. Dela eu herdei esta idéia de reparação como uma parte de minha arte. Minha costura é uma ação simbólica contra o medo de ser separada e abandonada. Nós percebemos no trabalho de Bispo do Rosário que ele também tinha medo de perder o contato. Como Penélope e a aranha, ele passou a vida inteira fazendo e desfazendo. Ele estava buscando uma ordem no caos, uma estrutura e ritmo do tempo e do pensamento. Pode-se dizer que buscar uma garantia de sanidade é o princípio da organização atrás de todo o seu trabalho.
Eu adoro o azul de Bispo do Rosário porque o azul é uma das minhas cores. Fiquei fascinada ao saber que a linha azul que ele usava vinha do uniforme de seu hospital psiquiátrico. Ele tinha a capacidade de incorporar um objeto da sua vida de confinamento e transformá-lo num objeto simbólico de sua auto-expressão, mistério, beleza e liberdade.
Agradeço a Paulo Herkenhoff que me introduziu, através de catálogos, ao trabalho de Bispo do Rosário em 2001".


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