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Bourgeois vê
"ordem no caos"
em obra de Bispo
DA REPORTAGEM LOCAL
Aos 95 anos, Louise
Bourgeois é uma das figuras mais prestigiadas da
arte contemporânea. Sua
obra, com forte caráter
biográfico, aborda conflitos familiares, particularmente o machismo de seu
pai. Convidada por Paulo
Herkenhoff, um de seus
amigos mais próximos, a
artista escreveu o prefácio
do livro sobre a obra de Arthur Bispo do Rosário.
Leia a íntegra a seguir:
"Minha mãe era tapeceira e restauradora e, por
isso, eu cresci em volta da
magia da agulha e da linha.
Dela eu herdei esta idéia
de reparação como uma
parte de minha arte. Minha costura é uma ação
simbólica contra o medo
de ser separada e abandonada. Nós percebemos no
trabalho de Bispo do Rosário que ele também tinha
medo de perder o contato.
Como Penélope e a aranha, ele passou a vida inteira fazendo e desfazendo. Ele estava buscando
uma ordem no caos, uma
estrutura e ritmo do tempo e do pensamento. Pode-se dizer que buscar
uma garantia de sanidade
é o princípio da organização atrás de todo o seu trabalho.
Eu adoro o azul de Bispo
do Rosário porque o azul é
uma das minhas cores. Fiquei fascinada ao saber
que a linha azul que ele
usava vinha do uniforme
de seu hospital psiquiátrico. Ele tinha a capacidade
de incorporar um objeto
da sua vida de confinamento e transformá-lo
num objeto simbólico de
sua auto-expressão, mistério, beleza e liberdade.
Agradeço a Paulo Herkenhoff que me introduziu, através de catálogos,
ao trabalho de Bispo do
Rosário em 2001".
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