São Paulo, sexta-feira, 30 de novembro de 2007

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Última Moda

ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@folha.com.br

Zapping prepara novo boom!

Grife se reinventa com curadoria do artista Maurício Ianês e lança sua nova coleção em dezembro

diante de cartaz da exposição "Free Beer", do coletivo dinamarquês Superflex, em cartaz na galeria Vermelho, em São Paulo


Em 1999, a Zapping -a segunda linha da Zoomp- tinha 12 lojas e era uma das grifes juvenis mais desejadas do país. Oito anos depois, embora continue vendendo para multimarcas, não tem uma loja sequer e perdeu quase todo o brilho. No próximo mês, esta situação pode começar a mudar.
A Zapping foi comprada pela HLDC Investimentos -a mesma empresa que adquiriu a Zoomp-, passou por uma reestruturação e ganhou um novo consultor-chefe, o artista plástico e stylist Maurício Ianês, 34.
Ianês tem planos bombásticos para a grife. "Vamos retomar o espírito da marca, divertido e levemente contestador, mas adaptado à nova cultura jovem", diz. As coleções da Zapping passarão a ser criadas a partir de trabalhos feitos especialmente por músicos e artistas, brasileiros e estrangeiros.
Em meados de dezembro, Ianês lança a sua primeira coleção, de 10 mil peças estampadas com 18 desenhos feitos pelos membros da banda hype Cansei de Ser Sexy. As roupas serão vendidas só pela internet (www.zapping.com.br).
A Zapping também vai abrir uma loja no início de 2008. Quer dizer: não exatamente uma loja, mas um espaço multimídia para exposições, shows e performances. "Será um ponto de encontro mutante, uma casca que o público vai preencher", diz Ianês.
O artista não esconde o seu entusiasmo com a idéia de levar para a moda um pouco do espírito das artes atuais, com seus coletivos de criação, a sua busca de confluências entre diferentes mídias e o desejo de liberdade de estilo e expressão.
Ele sabe o que está fazendo. Além de artista plástico, possui uma já longa carreira na moda. É o braço direito criativo de Alexandre Herchcovitch desde o primeiro desfile do estilista, em 1993. Foi Herchcovitch, aliás, quem sugeriu Ianês para a Zapping, após assumir em julho a curadoria da Zoomp S/A.
Ianês já fez consultorias, styling ou direção de arte para várias grifes brasileiras e chegou a trabalhar para o estilista Alexander McQueen, nos anos 90. "McQueen era superexigente, mas, não sei a razão, comigo era muito divertido."
Deve ser porque, como McQueen, Ianês é bastante ousado. Basta ver os impactantes desfiles que cria para Herchcovitch ou as performances que faz nas galerias de arte. Na última, "Zona Morta", ele permaneceu nu, no chão da galeria Vermelho, durante uma hora.
"O bacana no trabalho de Ianês é que ele dá novo contexto ao Acionismo vienense. Fazer performance e fazer moda são, para ele, dois modos de rito coletivo", diz a crítica Lisette Lagnado, curadora da última Bienal de Arte de São Paulo.
Com a Zapping, é a primeira vez que Ianês comanda uma marca. Faz parte dos absurdos da moda brasileira ter escondido nos bastidores, por tanto tempo, um de seus personagens mais talentosos.


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