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Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@folha.com.br
Zapping prepara novo boom!
Grife se reinventa com curadoria do artista Maurício Ianês e lança
sua nova coleção em dezembro
diante de cartaz da exposição "Free Beer", do coletivo dinamarquês Superflex, em cartaz na galeria Vermelho, em São Paulo
Em 1999, a Zapping -a segunda linha da Zoomp- tinha
12 lojas e era uma das grifes juvenis mais desejadas do país.
Oito anos depois, embora continue vendendo para multimarcas, não tem uma loja sequer e perdeu quase todo o brilho. No próximo mês, esta situação pode começar a mudar.
A Zapping foi comprada pela
HLDC Investimentos -a mesma empresa que adquiriu a
Zoomp-, passou por uma reestruturação e ganhou um novo
consultor-chefe, o artista plástico e stylist Maurício Ianês, 34.
Ianês tem planos bombásticos para a grife. "Vamos retomar o espírito da marca, divertido e levemente contestador,
mas adaptado à nova cultura
jovem", diz. As coleções da Zapping passarão a ser criadas a
partir de trabalhos feitos especialmente por músicos e artistas, brasileiros e estrangeiros.
Em meados de dezembro, Ianês lança a sua primeira coleção, de 10 mil peças estampadas com 18 desenhos feitos pelos membros da banda hype
Cansei de Ser Sexy. As roupas
serão vendidas só pela internet
(www.zapping.com.br).
A Zapping também vai abrir
uma loja no início de 2008.
Quer dizer: não exatamente
uma loja, mas um espaço
multimídia para exposições, shows e performances. "Será um
ponto de encontro
mutante, uma
casca que o público vai preencher", diz Ianês.
O artista não esconde o seu
entusiasmo com a idéia de levar para a moda um pouco do
espírito das artes atuais, com
seus coletivos de criação, a sua
busca de confluências entre diferentes mídias e o desejo de liberdade de estilo e expressão.
Ele sabe o que está fazendo.
Além de artista plástico, possui
uma já longa carreira na moda.
É o braço direito criativo de
Alexandre Herchcovitch desde
o primeiro desfile do estilista,
em 1993. Foi Herchcovitch,
aliás, quem sugeriu Ianês para
a Zapping, após assumir em julho a curadoria da Zoomp S/A.
Ianês já fez consultorias,
styling ou direção de arte para
várias grifes brasileiras e chegou a trabalhar para o estilista
Alexander McQueen, nos anos
90. "McQueen era superexigente, mas, não sei a razão, comigo era muito divertido."
Deve ser porque, como
McQueen, Ianês é bastante ousado. Basta ver os impactantes
desfiles que cria para Herchcovitch ou as performances que
faz nas galerias de arte. Na última, "Zona Morta", ele permaneceu nu, no chão da galeria
Vermelho, durante uma hora.
"O bacana no trabalho de Ianês é que ele dá novo contexto
ao Acionismo vienense. Fazer
performance e fazer moda são,
para ele, dois modos de rito coletivo", diz a crítica Lisette Lagnado, curadora da última Bienal de Arte de São Paulo.
Com a Zapping, é a primeira
vez que Ianês comanda uma
marca. Faz parte dos absurdos
da moda brasileira ter escondido nos bastidores, por tanto
tempo, um de seus personagens mais talentosos.
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