São Paulo, segunda, 30 de novembro de 1998

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Primeiro-ministro abre festival de Amsterdã


do enviado a Amsterdã

Uma mensagem em vídeo transmitida diretamente da Argentina pelo primeiro-ministro holandês Wim Kok abriu na semana passada o 11º Festival Internacional de Documentários de Amsterdã.
Mais que um gesto de cortesia, foi a devolução de uma gentileza. Kok era o personagem central do filme de abertura, "De Keuken van Kok" (A Cozinha de Kok), um retrato dos bastidores da campanha eleitoral que o manteve no cargo em maio último.
Para felicidade geral, "A Cozinha de Kok" revelou-se um filme de pegada leve e apelo universal. Wim Kok é o pouco carismático líder dos trabalhistas holandeses. Uma pesquisa pré-eleitoral coroou-o como o menos "cool" dos políticos nacionais. Um documentário centrado nele tinha tudo para ser um tédio só.
Mas Niek Koppen, o diretor, é do ramo. Estreou há seis anos com um belo filme sobre boxe, "Siki". Desta vez Koppen soube se inspirar na escola Pennebaker de documentarismo político. Menos que o clássico "Primary" (1962), dedicado a Kennedy, o modelo foi "The War Room" (1993), que acompanha a primeira campanha presidencial de Bill Clinton.
A fórmula não tem segredo. Exige sobretudo independência e senso de humor. A câmera na mão segue a agenda do candidato e seus principais assessores. Nada de grandes debates programáticos. São detalhes concretos que vão conquistando o espectador.
O primeiro-ministro britânico Tony Blair faz uma aparição de apoio e o contraste mais debilita do que fortalece Kim. O candidato expõe ingenuamente sua visão utilitária da imprensa.
Koppen filma uma campanha à moda antiga. Coerência ideológica sobrepõe-se ao pragmatismo publicitário. O candidato Kim não se oculta atrás da cortina midiática. Com cartazes, comícios e programas de rádio, parece disputar a vereança em Campinas -e não o governo holandês.
"A Cozinha de Kok" garantiu assim uma abertura amena, mas não parece ter maiores chances de premiação. A lista de filmes concorrentes foi à última hora engordada em cinco títulos.
"Os Humilhados" (Dinamarca), de Jesper Jargil, acompanha as filmagens de "Os Idiotas", de Lars von Trier. O finlandês "Céu Branco", de Suasanna Helke e Virpi Suutari, revela o duro cotidiano de uma mulher no interior da Rússia. Las Vegas é o tema de Paul Wilmshurst em "Lei da Máfia".
A busca do êxtase pauta "Lucky People Center Internacional", de Erik Pauser e Johan Soederberg. Por fim, em "Arizona", Ewa Borzecka trata de uma marca de vinho barato que anestesia os moradores de uma miserável cidadela polonesa. A maratona soma agora 188 títulos. (AL)



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