São Paulo, quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

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Sexo, amor e marketing

Remake de blockbuster chileno, com elenco global e Wolf Maya na direção, entra em cartaz

Divulgação
Os atores Reynaldo Gianecchini e Malu Mader, em cena


SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os homens casados traem as mulheres. As mulheres casadas são fiéis aos maridos, mas infelizes no casamento. As solteiras namoram e, paralelamente, têm casos com o chefe, o marido da amiga, o pai do aluno.
Em torno dessa ciranda de desejo e infidelidade, o chileno Boris Quercia fez o mais bem-sucedido filme de seu país.
A produtora brasileira Walkiria Barbosa, da Total Entertainment ("Se Eu Fosse Você"), achou que a fórmula de Quercia funcionaria também por aqui.
Amanhã, ela lança em 140 salas o remake nacional de "Sexo com Amor", que ganhou interrogação no título, a assinatura do diretor de TV Wolf Maya como cineasta e rostos célebres da Globo nos papéis principais -Malu Mader, Reynaldo Gianecchini, Carolina Dieckmann, José Wilker, Maria Clara Gueiros, Eri Johnson.
Barbosa é defensora de um cinema que não se acanhe de buscar o sucesso comercial. No vocabulário dela, o espectador é sinônimo de "consumidor", e os filmes, de "produto".

Testes
Por isso, a produtora não se fiou apenas na intuição de que "a história era boa e tem muito a ver com a nossa realidade".
O filme foi submetido a testes de aceitação popular desde a adaptação do roteiro (por Renê Belmonte) até a montagem.
"Nos testes de platéia, recebemos uma nota muito alta. Ela aponta que, se trabalharmos direitinho [no lançamento do filme], vamos ter sucesso", diz.
O êxito de "Sexo con Amor" (2003) no Chile é medido em números que o produtor Diego Izquierdo não se cansa de citar.
"Tivemos 1 milhão de espectadores, quase 10% do público total no ano. É o filme chileno mais visto na história do país e ocupa o terceiro lugar geral, atrás de "Titanic" e "Shrek 2'".
O longa foi produzido com US$ 400 mil (R$ 710,8 mil), sem subsídios nem incentivos governamentais. "Usamos, por definição, capital de risco, aquele que aposta numa loucura que talvez dê certo. Nossos investidores receberam seu dinheiro de volta e duas vezes mais", afirma Izquierdo.
A rentabilidade chamou a atenção da Venezuela, que se ofereceu para investir no filme seguinte de Quercia, "El Rey de los Huevones" (o rei dos idiotas, 2006), que custou US$ 800 mil (R$ 1,4 milhão).
Aqui, "Sexo com Amor?" custou R$ 5,5 milhões e teve o benefício das leis de incentivo.
Para Quercia, um ator teatral que estreou na direção de longas com esse filme, seu sucesso tem a ver com o fato de a trama expor "como realmente se vive, e não como se diz que se vive".
O roteiro é também dele, que ainda interpreta o açougueiro, transformado num taxista (Eri Johnson) na versão brasileira.
Segundo o chileno, seu filme foi escrito "de um ponto de vista masculino" e descreve comportamentos que ele teve, "em diferentes fases da vida".
A saber: "o do homem que quer comer todas as mulheres, o do que tenta ser fiel e o do que se apaixona pela amante".
O remake de Wolf Maya suavizou as cenas de sexo e praticamente eliminou as de nudez, freqüentes no original, sobretudo com a personagem da professora amante do pai do aluno -Sigrid Alegría, substituída por uma comportadíssima Carolina Dieckmann.
Barbosa diz que a decisão de tornar o filme menos picante está relacionada ao objetivo de "não obter uma classificação indicativa muito alta".
O Ministério da Justiça restringiu-o apenas a menores de 14 anos, acatando a meta dos produtores. No Chile, "Sexo con Amor" também foi liberado para maiores de 14.
A produtora do filme no Brasil diz que houve ainda outra razão para tornar "Sexo com Amor?" mais assexuado. "A idéia do Wolf é que a questão central era a discussão dos motivos das relações. Ele achava que as cenas de sexo eram complementares à coisa maior, que era o cotidiano daquelas relações conturbadas."


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