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Na onda da viagem espacial de Marcos Pontes, veja como a MPB utiliza o astronauta como tema
Perdidos no espaço
DA SUCURSAL DO RIO
Ao se tornar, anteontem, o primeiro brasileiro a ir para o espaço, Marcos Cesar Pontes, 43, tornou realidade as fantasias da música nacional em relação à figura
do astronauta. É um fascínio que
data dos anos 60, quando aconteceram as primeiras conquistas da
corrida espacial.
O soviético Yuri Gagarin não só
foi o primeiro homem a decolar
rumo à órbita da Terra, em 1961,
como ainda cunhou uma das frases mais famosas da história: "A
Terra é azul". Quatro anos depois,
Vinicius de Moraes aproveitou a
beleza da imagem para falar, em
um de seus sambas com Baden
Powell, do seu assunto quase único: o amor.
"O astronauta ao menos/ Viu
que a Terra é toda azul, amor/ Isso
é bom saber/ Porque é bom morar no azul, amor", diz a letra.
Também de maneira singela e
na esteira da bossa nova, Pingarilho e Marcos Vasconcelos compuseram "Astronauta (Samba da
Pergunta)", gravada por Elis Regina e João Gilberto.
Mas os astronautas serviram,
especialmente, como símbolo da
modernidade, da alta tecnologia,
do mundo com fronteiras geográficas e culturais em transformação. Um símbolo à feição das
idéias tropicalistas.
Em "Lunik 9", de 1967, Gilberto
Gil falou de "guerra de astronautas nos espaços siderais/ E tudo isso em meio às discussões, muitos
palpites, mil opiniões (...)".
Os também tropicalistas Tom
Zé e Rita Lee criaram em 1969 -o
ano em que os americanos pisaram na Lua- "Dois Mil e Um",
música que misturava o futurismo da letra e de alguns efeitos
com uma interpretação "caipira"
dos Mutantes. "Sou parceiro do
futuro/ Na reluzente galáxia",
cantavam, com sotaque de roça.
No mesmo ano, Marcos Valle
gravou "Samba de Verão 2", mais
tarde rebatizada de "Um Tempo
Musical", em que falava de um
"astronauta patrocinador".
Roberto Carlos também não resistiu ao tema. Em 1970, gravou,
de Edson Ribeiro e Helena dos
Santos, "O Astronauta", com apelo pacifista em que o espaço sideral é visto como refúgio contra jatos, fumaças e a falta de amor.
Prevalece, nos últimos anos, um
uso pós-tropicalista da figura. Em
"Tubi Tupy" (Lenine/ Carlos
Rennó) e em "Astronauta Tupy"
(Roberto Valente, Rodrigo Cabelo e Pedro Luís), ele se une a índios e internet, cangaço e galáxias,
para ilustrar esse tempo em que
tudo está no espaço.
(LFV)
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