São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 2006

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Na onda da viagem espacial de Marcos Pontes, veja como a MPB utiliza o astronauta como tema

Perdidos no espaço

DA SUCURSAL DO RIO

Ao se tornar, anteontem, o primeiro brasileiro a ir para o espaço, Marcos Cesar Pontes, 43, tornou realidade as fantasias da música nacional em relação à figura do astronauta. É um fascínio que data dos anos 60, quando aconteceram as primeiras conquistas da corrida espacial.
O soviético Yuri Gagarin não só foi o primeiro homem a decolar rumo à órbita da Terra, em 1961, como ainda cunhou uma das frases mais famosas da história: "A Terra é azul". Quatro anos depois, Vinicius de Moraes aproveitou a beleza da imagem para falar, em um de seus sambas com Baden Powell, do seu assunto quase único: o amor.
"O astronauta ao menos/ Viu que a Terra é toda azul, amor/ Isso é bom saber/ Porque é bom morar no azul, amor", diz a letra.
Também de maneira singela e na esteira da bossa nova, Pingarilho e Marcos Vasconcelos compuseram "Astronauta (Samba da Pergunta)", gravada por Elis Regina e João Gilberto.
Mas os astronautas serviram, especialmente, como símbolo da modernidade, da alta tecnologia, do mundo com fronteiras geográficas e culturais em transformação. Um símbolo à feição das idéias tropicalistas.
Em "Lunik 9", de 1967, Gilberto Gil falou de "guerra de astronautas nos espaços siderais/ E tudo isso em meio às discussões, muitos palpites, mil opiniões (...)".
Os também tropicalistas Tom Zé e Rita Lee criaram em 1969 -o ano em que os americanos pisaram na Lua- "Dois Mil e Um", música que misturava o futurismo da letra e de alguns efeitos com uma interpretação "caipira" dos Mutantes. "Sou parceiro do futuro/ Na reluzente galáxia", cantavam, com sotaque de roça.
No mesmo ano, Marcos Valle gravou "Samba de Verão 2", mais tarde rebatizada de "Um Tempo Musical", em que falava de um "astronauta patrocinador".
Roberto Carlos também não resistiu ao tema. Em 1970, gravou, de Edson Ribeiro e Helena dos Santos, "O Astronauta", com apelo pacifista em que o espaço sideral é visto como refúgio contra jatos, fumaças e a falta de amor.
Prevalece, nos últimos anos, um uso pós-tropicalista da figura. Em "Tubi Tupy" (Lenine/ Carlos Rennó) e em "Astronauta Tupy" (Roberto Valente, Rodrigo Cabelo e Pedro Luís), ele se une a índios e internet, cangaço e galáxias, para ilustrar esse tempo em que tudo está no espaço. (LFV)


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