São Paulo, sábado, 31 de março de 2007

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A outra face de Maquiavel

Para especialista, nova edição de livro "republicano" do autor de "O Príncipe" é oportunidade para rever a visão corrente acerca do "maquiavelismo"

Divulgação
O pensador "maldito" Nicolau Maquiavel, considerado o fundador da ciência política moderna, em pintura de Sandi di Tito


UIRÁ MACHADO
COORDENADOR DE ARTIGOS E EVENTOS

Imagine o leitor que alguém o considerasse maquiavélico. Não surpreenderia que o adjetivo fosse visto como uma acusação. A sua reação provavelmente seria recusar o título. Afinal, você não é dado a agir com má-fé nem sem moral.
A má fama do pensador italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527) é bastante antiga. Data de meados do século 16. Ao longo do tempo, ele foi inúmeras vezes considerado um autor maldito, a ponto de seu nome ter dado origem a um apelido para o diabo em inglês: "old Nick".
Entretanto, segundo Newton Bignotto, 49, professor de filosofia política da Universidade Federal de Minas Gerais, o próprio Maquiavel não poderia ser considerado maquiavélico. A interpretação negativa, diz o especialista no autor, se deve a uma "leitura parcial e redutora da filosofia de Maquiavel" que leva em consideração seu livro mais famoso, "O Príncipe".
O "outro Maquiavel" pode ser conhecido numa nova edição de "Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio" (1513-1517), que a Martins Fontes acaba de lançar. Aqui, o italiano retoma a leitura de textos da Antigüidade para tratar de temas republicanos: liberdade, igualdade, participação.
Na obra, Maquiavel diz que a melhor forma de governo é a república -uma novidade para quem sempre o associou aos tiranos. Para Bignotto, autor do prefácio dos "Discursos", o signo do novo -hoje e há quase 500 anos- é a marca da obra.


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