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Espetáculos nascem na reta final de Curitiba
Festival termina com pré-estréias e ensaio aberto
VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
O último final de semana do
17º Festival de Curitiba teve
duas pré-estréias nacionais e
uma demonstração de trabalho
em construção na grade oficial.
São espetáculos que entram em
cartaz neste semestre no Rio:
"A Ordem do Mundo", monólogo com Drica Moraes, e
"Cruel", balé da Cia. Deborah
Colker, estréiam em abril; o
embrionário "Deserto", com
Luis Melo e a Cia. Brasileira de
Teatro (PR), em junho.
Além disso, em seus dez
anos, a mostra Fringe (franja,
em inglês) desbancou de vez a
designação alternativa e anacrônica "Mostra de Teatro
Contemporâneo" que o Festival de Curitiba adotou no início
(1992). Nem tudo o que se vê na
oficial (amparada por curadoria, com cachê) supera em qualidade a mostra paralela (produções que pagam de R$ 30 a
R$ 50 e são auto-sustentadas).
Um exemplo disso foi a constrangedora e pretensa comédia
"Nada Que Eu Disser Será Suficiente Até Que o Sol Se Ponha",
da Cia. de Teatro de Nós (RJ),
frágil em tudo, escalada pela organização no Sesc da Esquina.
Sua antítese, para ficar nos
mesmos palco e gênero, foi
"Três Mulheres e Aparecida",
uma esmerada atuação solo de
Rita Assemany, de Salvador,
com textos de Aninha Franco e
direção de Nadja Turenko. Nomes que o Brasil deveria conhecer mais.
Parto
"Foi um lugar lindo para "A
Ordem do Mundo" nascer",
afirmou Drica Moraes após se
apresentar no teatro da Reitoria. Ela definiu as noites de sexta e sábado como "o parto da
personagem", uma mulher obcecada por reter a "epidemia da
informação". O texto é de Patrícia Melo e a direção, de Aderbal
Freire-Filho.
Segundo Deborah Colker,
"Cruel" recorre ao adjetivo-título para lançar "um olhar sobre o amor, a vida, a beleza, a
traição, a rejeição etc". A série
de movimentos, que seria mostrada ontem, inclui um grande
baile no prólogo. Objetos como
mesa e espelho imprimem tons
surrealistas. "Não há nada mais
cruel na vida do que olhar-se no
espelho", disse ela.
Pesquisas dramatúrgicas e
experimentos de linguagem cênica não estiveram restritos ao
Fringe; também ganharam espaço na mostra oficial. Ainda
inacabado, "Deserto" foi exibido no casarão Novelas Curitibanas na sexta. A partir da temática da fragilidade e com um
enredo apenas esboçado, a Cia.
Brasileira de Teatro apresentou exercícios de improvisação.
Utilizando uma língua imaginária, Melo tentou, às vistas da
platéia, traçar caminhos para
seu personagem -um homem
que busca no sonho e no devaneio meios para escapar da realidade e dar sentido à vida.
"As pessoas têm uma curiosidade sobre a criação teatral, sobre como se chega à obra final.
Queremos diminuir essa distância que separa o público da
platéia. Revelar o que há de inacabado e imperfeito, quais são
os nossos dilemas", disse o ator.
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