São Paulo, terça-feira, 31 de março de 2009

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comentário

Humor físico nasceu nos anos de picadeiro

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O talento cômico, o apelido no diminutivo e uma certa semelhança física condenaram Ankito a ser visto como uma espécie de sucedâneo de Oscarito, o grande astro das chanchadas, do qual foi, na verdade, um concorrente mais jovem. Nos anos 50, quando Oscarito brilhava na Atlântida, Ankito chegou ao cinema estrelando comédias de outras produtoras.
Sua formação tinha sido rica e variada no ramo dos espetáculos populares. Nascido no circo, filho e sobrinho de palhaços, fez de tudo no picadeiro. Daí passou aos shows musicais em cassinos e ao teatro de revista, mas sempre mantendo um forte componente físico, acrobático, em suas performances.
Foi essa comicidade dinâmica, atlética e espontânea que ele levou ao cinema, trabalhando sobretudo em comédias de Watson Macedo (que o lançou em "É Fogo na Roupa", em 1952), J.B. Tanko e Victor Lima. Pode-se identificar em Ankito um humor circense que teria como representantes, posteriormente, um Walter Stuart e um Renato Aragão.
Por depender muito da movimentação física para a eficácia de suas atuações, Ankito acabou abreviando sua carreira depois de um grave acidente durante as filmagens de "Um Candango na Belacap" (1960), de Roberto Farias, quando caiu de um prédio em construção. Tinha apenas 37 anos na época, mas depois disso só foi protagonista (ao lado de Grande Otelo e Ronald Golias) na comédia "Os Três Cangaceiros" (1961), com direção de Victor Lima.

Homenagens
Suas participações posteriores no cinema foram em papéis secundários, quase sempre homenagens a ele e à chanchada, como em "Brás Cubas" (1990), filme dirigido por Julio Bressane, e "O Escorpião Escarlate" (1993), de Ivan Cardoso.
Contracenou diversas vezes com Grande Otelo, entre elas em "Um Candango..." e "Os Três Cangaceiros". Mas com Oscarito nunca trabalhou no cinema. Atuou com algum sucesso em novelas e minisséries de televisão e chegou a comandar um programa na TV Bandeirantes, o "Show do Ankito".
No cinema, seu auge durou menos de uma década, da estreia em 1952 à retirada precoce em 1961. Foi o suficiente para deixar marcas na história do humor audiovisual brasileiro.


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