São Paulo, quinta-feira, 31 de março de 2011

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CRÍTICA DOCUMENTÁRIO

Longa recupera registro esquecido do movimento negro nos Estados Unidos


O PESADO CLIMA SOCIAL DA ÉPOCA ESTÁ PRESENTE O TEMPO TODO


ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Entre 1967 e 1975, uma equipe de jornalistas da televisão pública sueca fez uma série de reportagens sobre o movimento negro dos EUA.
Filmado em 16mm, o material ficou esquecido em um corredor da emissora por mais de três décadas até ser recuperado, graças a um acaso, por Göran Hugo Olsson.
Recompensado com o prêmio de melhor montagem na mostra World Cinema Documentary, no festival de Sundance deste ano, "Black Power Mixtape" oferece uma visão esclarecedora da luta pelos direitos civis dos negros, destacando o papel de seus líderes mais importantes.
Olsson organizou as imagens cronologicamente e colheu comentários feitos por personalidades da comunidade afro-americana. Aparecem no filme os cantores de hip-hop Erykah Badu e Talib Kweli, o ator e cantor Harry Belafonte, o poeta Abiodun Oyewole, entre outros, que acrescentam dimensão didática e contemporânea às imagens.

"EMPOWERMENT"
O documentário aborda questões centrais do movimento negro, como a não violência e o "empowerment" -processo de reconhecimento, criação e utilização de recursos por indivíduos e comunidades, que melhora a eficácia do exercício de sua cidadania.
Também mostra o papel do partido dos Panteras Negras neste processo. O pesado clima social e político daquela época, marcado pela oposição à Guerra do Vietnã, está presente o tempo todo.
O documentário descreve também as duras condições de vida da comunidade negra e suas relações com a justiça, as drogas, a violência, as raízes africanas, a música e a literatura.

ANGELA DAVIS
Talvez o ponto alto seja a entrevista concedida em 1972 pela professora e ativista Angela Davis em uma prisão californiana, acusada de cumplicidade em assassinato.
Davis oferece um relato aterrador sobre como a violência fez parte de sua infância em Birmingham, no Estado do Alabama. O ponto de vista dos repórteres suecos enfatiza o lado humano desta luta com alguma ingenuidade e contida compaixão.
Além disso, o filme não deixa de abordar as críticas de alguns americanos à imprensa do país nórdico, que mostraria apenas os lados mais desfavoráveis da realidade americana.
O filme repudia as acusações de antiamericanismo, mostrando que o interesse da sociedade sueca pelo movimento negro nasceu em 1964, quando Martin Luther King (1929-1968) recebeu o prêmio Nobel da Paz.

BLACK POWER MIXTAPE

DIREÇÃO Göran Hugo Olsson
QUANDO amanhã, às 21h, no Cine Livraria Cultura; dia 8/4, às 15h, no CCBB
CLASSIFICAÇÃO não informada
AVALIAÇÃO ótimo


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