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Longa testa boa fase de comédias nacionais
"A Mulher Invisível" pega carona no
sucesso de "Se Eu Fosse Você 2" e
"Divã'
Produção tem elenco
encabeçado pelo "bom de
bilheteria" Selton Mello e
por uma Luana Piovani
de figurinos exíguos
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
O diretor Cláudio Torres descreve Selton Mello, que protagoniza seu novo filme, a comédia romântica "A Mulher Invisível" (nos cinemas nesta sexta), como "uma arma viva". A
metáfora tem mais de um sentido: além dos predicados artísticos, o ator tem mostrado, ao
longo desta década, considerável poder de fogo na bilheteria.
Com o Chicó de "O Auto da
Compadecida" (2000), levou
2,1 milhões de pessoas ao cinema. Outras 3,1 milhões viram
"Lisbela e o Prisioneiro"
(2003). Em 2008, "Meu Nome
Não É Johnny" vendeu 2,1 milhões de ingressos.
Os produtores e o mercado
exibidor esperam que o carisma de Mello gere cifras semelhantes para "A Mulher Invisível", num ano em que a boa acolhida a comédias tem mantido
títulos nacionais na lista dos
dez mais vistos todas as semanas -quando "Se Eu Fosse Você 2" saiu, "Divã" entrou.
Para não correr o risco de ricochetear, Torres também tem
em seu arsenal doses generosas
de uma Luana Piovani de camisola transparente ou só de calcinha e sutiã. E uma trama simples: largado pela mulher, o
controlador de tráfego Pedro
(Mello) desiste do amor e se
tranca em casa. Entre paredes,
cria a companheira ideal,
Amanda (Piovani), que adora
futebol e não tem ciúme.
Quando, restabelecido, deixa
o confinamento para levar a cara-metade ao cinema e a um
jantar romântico, Pedro tem
sua fantasia esfacelada pelo
olhar alheio. O amigo (Vladimir
Brichta) que tenta pôr fim a seu
desvario é o mesmo com quem,
mais adiante, disputará os sentimentos da vizinha, Vitória
(Maria Manoella).
Depois da recepção fria a seu
longa de estreia, "Redentor"
(2004), comédia dramática
com toques fantásticos, Torres
diz que buscava "um filme mais
luminoso, com gênero definido
e tom mais acessível".
E com potencial de bilheteria. "Qualquer diretor, por mais
radical que seja, deseja se comunicar. Até por que o cinema
é uma atividade artística de
massa."
Chaplin e Jack Black
Aclimatado na comédia, ele
afirma não ter "a coragem, o
peito de Breno [Silveira, em
"Era Uma Vez...'], Fernando
[Meirelles, em "Cidade de
Deus'] e Walter [Salles, em
"Central do Brasil'] para penetrar no tecido social brasileiro".
Tampouco pretende explorar o nicho das biografias de figurões da história nacional.
"Gosto mesmo é do humor. A
vida precisa da crítica cômica
que ele produz. É impossível rir
sem pensar."
O humor de "Mulher..." alia
remissões à graça melancólica
de Chaplin a "gags" físicas na linha aloprada de "O Amor É Cego" (2001) e "Mais Estranho
que a Ficção" (2006). Para Mello, "Pedro poderia ser o Ben
Stiller, seu amigo, o Jack Black,
e a mulher, a Cameron Diaz".
A fama de "bom de bilheteria" o envaidece, mas não parece pesar sobre suas escolhas
profissionais. Depois de "Mulher...", atuou em "Jean Charles" (estreia em junho), perfil
do brasileiro confundido pela
polícia britânica com um terrorista e morto, e "A Erva do Rato" (ainda inédito), adaptação
de contos machadianos pelo
sempre radicalmente autoral
Júlio Bressane.
Ele mesmo pensou em dirigir
uma versão d" "O Alienista",
mas achou que ainda não era
hora. O segundo capítulo da
carreira de cineasta (aberta por
"Feliz Natal") deve ser baseado
num roteiro sobre um palhaço
em crise com a profissão -situação que espelha a que Mello
experimenta vez por outra, "de
achar que estou fazendo coisas
demais, deixando um monte de
coisas pendentes".
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