São Paulo, domingo, 31 de maio de 2009

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Longa testa boa fase de comédias nacionais

"A Mulher Invisível" pega carona no sucesso de "Se Eu Fosse Você 2" e "Divã'

Produção tem elenco encabeçado pelo "bom de bilheteria" Selton Mello e por uma Luana Piovani de figurinos exíguos

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor Cláudio Torres descreve Selton Mello, que protagoniza seu novo filme, a comédia romântica "A Mulher Invisível" (nos cinemas nesta sexta), como "uma arma viva". A metáfora tem mais de um sentido: além dos predicados artísticos, o ator tem mostrado, ao longo desta década, considerável poder de fogo na bilheteria.
Com o Chicó de "O Auto da Compadecida" (2000), levou 2,1 milhões de pessoas ao cinema. Outras 3,1 milhões viram "Lisbela e o Prisioneiro" (2003). Em 2008, "Meu Nome Não É Johnny" vendeu 2,1 milhões de ingressos.
Os produtores e o mercado exibidor esperam que o carisma de Mello gere cifras semelhantes para "A Mulher Invisível", num ano em que a boa acolhida a comédias tem mantido títulos nacionais na lista dos dez mais vistos todas as semanas -quando "Se Eu Fosse Você 2" saiu, "Divã" entrou.
Para não correr o risco de ricochetear, Torres também tem em seu arsenal doses generosas de uma Luana Piovani de camisola transparente ou só de calcinha e sutiã. E uma trama simples: largado pela mulher, o controlador de tráfego Pedro (Mello) desiste do amor e se tranca em casa. Entre paredes, cria a companheira ideal, Amanda (Piovani), que adora futebol e não tem ciúme.
Quando, restabelecido, deixa o confinamento para levar a cara-metade ao cinema e a um jantar romântico, Pedro tem sua fantasia esfacelada pelo olhar alheio. O amigo (Vladimir Brichta) que tenta pôr fim a seu desvario é o mesmo com quem, mais adiante, disputará os sentimentos da vizinha, Vitória (Maria Manoella).
Depois da recepção fria a seu longa de estreia, "Redentor" (2004), comédia dramática com toques fantásticos, Torres diz que buscava "um filme mais luminoso, com gênero definido e tom mais acessível".
E com potencial de bilheteria. "Qualquer diretor, por mais radical que seja, deseja se comunicar. Até por que o cinema é uma atividade artística de massa."

Chaplin e Jack Black
Aclimatado na comédia, ele afirma não ter "a coragem, o peito de Breno [Silveira, em "Era Uma Vez...'], Fernando [Meirelles, em "Cidade de Deus'] e Walter [Salles, em "Central do Brasil'] para penetrar no tecido social brasileiro".
Tampouco pretende explorar o nicho das biografias de figurões da história nacional. "Gosto mesmo é do humor. A vida precisa da crítica cômica que ele produz. É impossível rir sem pensar."
O humor de "Mulher..." alia remissões à graça melancólica de Chaplin a "gags" físicas na linha aloprada de "O Amor É Cego" (2001) e "Mais Estranho que a Ficção" (2006). Para Mello, "Pedro poderia ser o Ben Stiller, seu amigo, o Jack Black, e a mulher, a Cameron Diaz".
A fama de "bom de bilheteria" o envaidece, mas não parece pesar sobre suas escolhas profissionais. Depois de "Mulher...", atuou em "Jean Charles" (estreia em junho), perfil do brasileiro confundido pela polícia britânica com um terrorista e morto, e "A Erva do Rato" (ainda inédito), adaptação de contos machadianos pelo sempre radicalmente autoral Júlio Bressane.
Ele mesmo pensou em dirigir uma versão d" "O Alienista", mas achou que ainda não era hora. O segundo capítulo da carreira de cineasta (aberta por "Feliz Natal") deve ser baseado num roteiro sobre um palhaço em crise com a profissão -situação que espelha a que Mello experimenta vez por outra, "de achar que estou fazendo coisas demais, deixando um monte de coisas pendentes".

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