São Paulo, terça-feira, 31 de maio de 2011

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Ismael Ivo traz ao país fruto de intercâmbio em dança

Projeto da Bienal de Veneza mistura 25 bailarinos de oito países diferentes

Coreógrafo premiado com Ordem do Mérito Cultural dirige um dos principais festivais de dança no exterior

KATIA CALSAVARA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Há sete anos como diretor do Festival Internacional de Dança Contemporânea da Bienal de Veneza, o coreógrafo Ismael Ivo, 56, continua um incansável pesquisador de linguagens do corpo.
Nascido no bairro da Vila Prudente, em São Paulo, o menino de classe média baixa teve seu primeiro contato com as artes cênicas por meio do teatro, aos 14 anos.
Quando percebeu que poderia se expressar com o próprio corpo, nunca mais parou de ser uma espécie de laboratório de si mesmo. Direto de Veneza, Ivo chegou anteontem ao Brasil para apresentar sua mais recente investigação, o espetáculo "Babilônia - O Terceiro Paraíso", em cartaz amanhã e quinta no Sesc Pinheiros.
A montagem reuniu 25 bailarinos de países como Itália, Grécia, Estados Unidos, Canadá, Rússia, Brasil, Suécia e França, que passaram cinco meses em um período de "contaminação artística".
O projeto -uma parceria com o Sesc São Paulo- faz parte do Arsenalle della Danza, programa criado por ele há três anos, dentro das atividades da Bienal, para promover o intercâmbio entre bailarinos, coreógrafos e outros profissionais das artes.
"Estamos vivendo um período de confusão no mundo e o corpo também precisa buscar outras formas de se comunicar", diz ele.
"Babilônia" coloca essa busca no corpo dos bailarinos, que, dançando em um palco branco, desenham o espaço e o confrontam. "A dança contemporânea é um espelho do tempo de hoje."
Tido como nome referencial da dança brasileira no exterior, Ivo começou a desenvolver-se como bailarino em uma época efervescente, ao lado de nomes como Ruth Rachou, Takao Kusuno, Célia Gouvêa, Sonia Motta e Ismael Guiser, entre outros.
No entanto, ele iniciava a busca de uma linguagem própria e, como nem sempre tinha espaço para se apresentar, dançava pelas calçadas do bairro da Bela Vista.
"Fiz isso durante muito tempo. Na rua você está exposto, sem proteção, mas aprende a se comunicar ao vivo", lembra.

CARREIRA NO EXTERIOR
As andanças de Ivo o levaram a um concurso de dança na Bahia, em 1983, onde foi convidado pelo coreógrafo Alvin Ailey (1931-1989) a participar de sua companhia, em Nova York. "O Alvin me perguntou com quem eu havia aprendido tudo aquilo. E eu tinha inventado sozinho."
Depois de um período por lá, foi convidado a apresentar um solo na Alemanha e ficou fascinado com o cenário artístico da época, principalmente com a dança-teatro de Pina Bausch (1940-2009).
Mudou-se para lá e foi nomeado diretor do teatro estatal de Weimar. Em 1988, criou o ImPulTanz, Festival Internacional de Dança de Viena, considerado um dos mais importantes da Europa.
Mesmo fora há mais de 20 anos, Ivo recebeu a Ordem do Mérito Cultural, em dezembro de 2010, devido à sua contribuição ao desenvolvimento da linguagem.

BABILÔNIA - O TERCEIRO PARAÍSO

QUANDO qua. e qui., às 21h
ONDE Sesc Pinheiros(r. Paes Leme, 195; tel.0/xx/11/3095-9400)
QUANTO R$ 20
CLASSIFICAÇÃO 14 anos


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