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OUTRA FREQUÊNCIA
72% das rádios estão nas mãos do Estado
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
É uma constatação importante. Dentre todas as mídias, o
rádio é a que mais se concentra
nas mãos do poder estatal.
Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano-2002, divulgado pelo Pnud (Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento), 72% das AMs e FMs estão nas mãos do governo, contra
60% das TVs e 29% dos jornais.
O estudo de mídia do Pnud começa com a seguinte frase: "Talvez nenhuma reforma seja tão significativa para fazer com que as
instituições democráticas funcionem quanto a reforma da mídia".
E continua: "Para ser livre e independente, para produzir informação factual e imparcial, a mídia
precisa ser livre não só do controle estatal, mas também das pressões políticas e corporativas".
Para nós, brasileiros, é fácil perceber -e o estudo do Pnud comprova- que a realidade está bem
distante desse ideal. Por aqui, o
Estado não controla diretamente
a maioria das AMs e FMs, mas é
raro que se tenha no dial algo livre
de pressões políticas, alguma estação que não esteja inundada de
interesses que passam a milhares
de quilômetros dos democráticos.
O relatório diz que o liberalismo, as privatizações e o alto custo
das novas tecnologias colaboram
para que parte do controle estatal
fosse transferido a empresas.
Mas afirma que isso nem sempre é a solução para a democracia,
já que, em muitos casos, a mídia
acaba caindo em monopólios familiares. A Globo, por exemplo, é
citada pelo estudo das Nações
Unidas como um dos maiores
monopólios no mundo controlados por indivíduos e familiares.
É claro que há realidades piores
do que a brasileira, e o Pnud trata
de listar algumas. Em Ruanda,
por exemplo, onde o rádio é a mídia mais importante, as estações
foram usadas, em 94, para incentivar o genocídio. O estudo lembra ainda que o Líbano é o único
país árabe que permite a existência de radiodifusão privada.
Mas isso não livra o Brasil da necessidade de refletir sobre essa
questão. E de considerar uma dica
importante do relatório: para acabar com uma estação "antidemocrática", basta escutar outra.
Depois de Maluf e Genoino,
agora será a vez de Alckmin almoçar com os empresários de rádio.
Será na próxima terça-feira, na sede da Aesp (Associação das Emissoras de Rádio e TV de SP).
Vai ao ar no próximo domingo,
à meia-noite, na Cultura FM
(103,3 MHz), um especial sobre
folclore produzido na ilha de Parintins, no Amazonas.
laura@folhasp.com.br
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